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    Lava Jato

    Lula sugere que empresário usou seu nome para conseguir propina

    CATIA SEABRA
    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO

    17/10/2015 02h00

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou com colaboradores que o pecuarista José Carlos Bumlai pode ter se aproveitado de sua amizade para obter vantagens financeiras.

    O ex-presidente cogitou essa hipótese um dia depois de vir à tona o depoimento no qual o lobista Fernando Baiano afirma ter pago R$ 2 milhões a Bumlai para compra do apartamento de uma nora do ex-presidente.

    Nas conversas com seus aliados, Lula negou que a negociação tenha ocorrido e reclamou de Bumlai, afirmando que, caso confirmada a versão de Baiano, o amigo teria se valido dessa intimidade para ganhar dinheiro.

    Ainda segundo seus interlocutores, Lula se queixou da divulgação da informação sem que nem sequer se tenha identificado a nora. Lula tem quatro noras. Nessas conversas, o ex-presidente contou ter ajudado cada uma delas para a compra de um apartamento. Ele diz que doou R$ 200 mil para cada uma.

    Para descrever a situação financeira, Lula argumentou ainda que o primeiro filho de Dona Marisa vive num imóvel alugado.

    O presidente nacional do PT, Rui Falcão, reagiu com indignação e disse que esse tipo de vazamento de informação estimula a intolerância contra o partido.

    "Não tem cabimento esse tipo de informação sem comprovação, sem documento, sem saber o nome da pessoa. É uma irresponsabilidade da grande mídia, um jornalismo declaratório. Quem é a nora? O Lula tem quatro noras. Nenhuma nora dele recebeu dinheiro", afirmou Falcão.

    Eurides Aok - 16.mai.10/Correio do Estado
    CAMPO GRANDE, MS, BRASIL, 16-05-2010: O empresário José Carlos da Costa Marques Bumlai. (Foto: Eurides Aok/Correio do Estado) *** DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM ***
    O pecuarista José Carlos Bumlai, em foto de 2010

    'CONTA-GOTAS'

    Filho do ex-presidente Lula, o empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, requereu ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta (16) o acesso à íntegra do acordo de delação premiada e dos depoimentos prestados por Fernando Baiano.

    O pedido foi entregue ao ministro Teori Zavascki, que homologou o acordo de colaboração do lobista do PMDB.

    Baiano disse que o pagamento que beneficiaria a nora de Lula foi feito a Bumlai e se referia a uma negociação envolvendo a OSX, empresa de construção naval de Eike Batista, atualmente em recuperação judicial.

    Mesmo sem o negócio ter sido concretizado, Bumlai teria cobrado a "comissão" de Baiano para repassar à suposta nora de Lula.

    O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lulinha, criticou repasse de informações "pingadas a conta-gotas" de uma "delação sob sigilo" e disse que seu cliente é alvo de ataques sistemáticos da mídia.

    "O que se identifica são irresponsáveis ilações daqueles que foram, depois, desmentidos", disse Martins.

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