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    Lava Jato

    Cunha diz que governo tem o 'maior escândalo de corrupção do mundo'

    RANIER BRAGON
    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    19/10/2015 18h09

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tarde desta segunda (19)
    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tarde desta segunda (19)

    Na primeira entrevista após a revelação de sua assinatura em documentos de contas bancárias secretas no exterior, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a dizer nesta segunda (19) que não renunciará ao cargo, que tudo ficará "exatamente do jeito que está", e criticou o governo Dilma Rousseff, que acusou de protagonizar "o maior escândalo de corrupção do mundo".

    Cunha, hoje um dos políticos contra os quais pesa o maior número de indícios de envolvimento no esquema criminoso investigado pela Operação Lava Jato, rebateu declaração da presidente feita durante viagem ao exterior, quando a petista disse lamentar que as suspeitas de desvio de recursos públicos para contas secretas fora do país envolvam um brasileiro.

    Em resposta, o peemedebista afirmou lamentar "que seja com um governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo."

    "Eu fui eleito pela Casa, aqui só cabe uma maneira de eu sair, é renunciar, e eu não vou renunciar. Aqueles que acham que podem contar com minha renúncia, esqueçam, eu não vou renunciar. Não tem plano A, B, C, D ou E, não tem plano nenhum. Qualquer discussão ou especulação que está sendo feita é pura perda de tempo, porque não vai acontecer absolutamente nada, vai continuar exatamente do jeito que está", disse Cunha, cujo apoio político tem decaído recentemente ante as suspeitas contra ele.

    A afirmação de Cunha não contempla toda a realidade. Além da renúncia, ele pode deixar o cargo caso tenha o mandato cassado. Processo nesse sentido deve começar a tramitar no Conselho de Ética da Câmara na próxima terça-feira (27).

    Na entrevista, o peemedebista voltou a se negar a dizer se tem ou não contas na Suíça ou comentar qualquer detalhe dos documentos que vieram a público nas investigações, entre eles o uso de seu passaporte diplomático para abrir algumas das contas que, até então, ele sempre negou ter.

    Questionado seguidas vezes sobre isso, ele se limitou a dizer que seus advogados irão se pronunciar no momento adequado e que ele reitera os termos da nota que soltou na sexta-feira (16). Neste texto ele, em linhas gerais, acusa a Procuradoria-Geral da República de perseguição política e de promover vazamentos de informações seletivas contra ele.

    IMPEACHMENT

    Cunha disse que entregará ainda nesta segunda recurso contra as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal que barraram o rito definido por ele para eventual tramitação de pedido de impeachment contra Dilma.

    O presidente da Câmara negou ainda que tenha participado de acordo para enterrar a CPI da Petrobras, apesar de seus aliados dominarem a comissão. "Não cabe ao presidente da Câmara fazer o ofício de prorrogação [da CPI]. Se a Casa não quer que a CPI seja prorrogada, é porque acha que ela atingiu seu objetivo. Não participei de nenhum acordo."

    Passos da cassação de Cunha

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