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    o impeachment

    Presidente do PT diz que filho de Lula sofre 'perseguição inexplicável' da PF

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    28/10/2015 18h17 - Atualizado às 20h21

    Eduardo Anizelli - 27.out.2015/Folhapress
    O presidente do PT, Rui Falcão, ao deixar a comemoração de aniversario do ex-presidente Lula
    O presidente do PT, Rui Falcão, ao deixar a comemoração de aniversario do ex-presidente Lula

    O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta quarta-feira (28) que o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre "perseguição inominável e inexplicável" em uma tentativa de atingir o PT, a presidente Dilma Rousseff e o próprio Lula. Segundo Falcão, a suposta perseguição é feita por "setores da mídia, setores da oposição e, porque não, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Judiciário".

    O discurso do petista vai refletir o tom de um documento que está sendo produzido pela cúpula do PT em defesa do ex-presidente e de seu governo. A resolução, que contará com pedido de mudança urgente na política econômica do país, teve o texto base fechado pela executiva do partido nesta quarta, mas só será aprovado e divulgado no encontro do diretório nacional da legenda, nesta quinta-feira (29), com a presença de Lula.

    Diante da mais grave crise de sua história, o PT vai produzir um documento para estimular a militância a sair em defesa do partido baseado na tese de que há uma perseguição direcionada para atingir as grandes lideranças petistas, em especial, o ex-presidente.

    O texto vai repetir a ideia ressonada pelos dirigentes do partido de que a oposição "não soube perder" as eleições e agora insiste em um "golpe" contra o governo.

    "Há uma campanha direcionada para atingir o PT, a Dilma e o Lula. É nítido isso", afirmou Falcão. "As eleições têm que ser valorizadas e, de uma vez por todas, quem ganha tem que levar, senão você cria uma instabilidade institucional tão grande que o país fica ingovernável", completou após participar da reunião da executiva nacional do PT, em Brasília.

    Nesta segunda-feira (26), a PF realizou mandado de busca e apreensão nos escritórios que sediam a LFT Marketing Esportivo e Touchdown Promoção Eventos Esportivos, empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula de Lula. A busca foi feita no âmbito da Operação Zelotes, que investiga um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vinculado ao Ministério da Fazenda.

    A empresa do filho de Lula é suspeita de ter recebido repasses da Marcondes & Mautoni, firma de lobistas que atuaram na aprovação de uma medida provisória que prorrogou a isenção de imposto para a indústria automobilística. A Marcondes pagou R$ 2,4 milhões à empresa de Luis Cláudio.

    Questionado sobre o montante, Falcão afirmou que o filho do ex-presidente recebeu "por serviços que prestou" e "tem notas" que comprovam a movimentação. Os recibos, porém, ainda não vieram a público e o presidente do PT disse que não é Luis Cláudio quem precisa provar que é inocente, mas sim quem o está acusando "precisa provar" que ele é culpado.

    Para Falcão, a ação foi "arbitrária", visto que a PF investiga "um monte de tubarão" e quer "ir atrás de um peixinho que sequer tem provas contra ele". Nos bastidores, Lula criticou a "falta de controle" do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre a PF e tem defendido junto a Dilma a troca do titular da pasta. A presidente, porém, resiste.

    POUPAR LEVY

    Sob orientação do próprio Lula, a cúpula petista vai pedir mudança na condução da economia do país, principalmente com liberação de crédito para consumo e investimento e a redução da taxa de juros. No entanto, o partido não vai citar nominalmente o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nem pedir sua substituição.

    O ex-presidente já sugeriu a troca de Levy diretamente para Dilma mas, diante da resistência e dos argumentos da sucessora, que diz não querer criar outra celeuma em seu governo quando acredita ter ganhado fôlego diante da crise, o ex-presidente pediu "cautela" ao PT no documento que tratará do tema.

    Em entrevista à Folha há dez dias, Falcão, disse que "Levy deve sair se não quiser mudar a política econômica".

    MUDANÇAS NAS REGRAS

    Além da resolução que vai tratar de conjuntura política e econômica, o partido divulgará um documento à parte sobre as eleições de 2016, com pedido para que candidatos petistas saiam em defesa do projeto político do PT e dos governos Lula e Dilma.

    No momento em que o PT perdeu 11% dos prefeitos que elegeu em 2012, o partido também aprovou a diminuição do tempo mínimo de filiação necessário para um militante se candidatar pela sigla. O período passou de um ano para seis meses, em adequação às novas regras da lei eleitoral aprovadas no Congresso Nacional.

    Além disso, para estimular o maior número de candidatos possível nas eleições municipais do ano que vem, o PT permitiu que municípios onde ainda não há diretórios do partido possam homologar chapas para a disputa.

    Segundo Falcão, o partido vai investir em nomes ligados a movimentos sociais, juventude e mulheres, na tentativa de "produzir novas lideranças".

    A reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, será a prioridade do partido no ano que vem. Recentemente, o prefeito iniciou conversas de aproximação com outras siglas, como a Rede, da ex-senadora Marina Silva.

    OUTRO LADO

    Procurados pela reportagem, o Ministério Público do DF e o ministro da Justiça não quiseram se manifestar sobre o assunto.

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