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    o impeachment

    PMDB ataca governo em novo manifesto partidário

    PAULO GAMA
    DO PAINEL, EM BRASÍLIA

    29/10/2015 02h00

    O programa de governo que o PMDB apresentará no encontro da fundação do partido faz seu mais duro ataque recente ao PT, culpa a "equivocada" política econômica de Dilma Rousseff por "todos problemas e dificuldades atuais" e sustenta que, ao contrário do que prega o Planalto, a crise "tem, sim, raízes ou causas internas".

    O documento ao qual a Folha teve acesso é uma versão preliminar, portanto sujeita a alterações, que começou a ser discutida pela sigla em agosto –quando a relação entre o PMDB e o Planalto era mais tensa do que agora.

    Uma outra versão da peça, esta mais enxuta, com cerca de 15 páginas, será distribuída a dirigentes do partido a partir desta quinta-feira (29).

    A versão definitiva será entregue no congresso da Fundação Ulysses Guimarães, centro de estudos ligado ao PMDB, em 17 de novembro.

    O programa passou pelas mãos dos principais caciques peemedebistas. O texto final tem também a participação de economistas ligados ao partido, como Delfim Netto –um dos principais conselheiros do vice-presidente Michel Temer na área.

    Para o PMDB, o governo Dilma –do qual também faz parte– partiu de um "diagnóstico errado" na economia. "Não se compreendeu que a responsabilidade fiscal, embora condição necessária à estabilidade da economia, não se afigura motor do desenvolvimento econômico."

    Além de atacar o "equivocado diagnóstico" de que a deterioração da economia se deve ao quadro internacional, o partido diz que o ajuste fiscal, "por si só", não criará as condições necessárias para que o país "deslanche para uma nova fase de crescimento e desenvolvimento duradouro e sustentado".

    "Nesse contexto, portanto, é que se percebe quão equivocada foi a política econômica governamental."

    Aliado do PT desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula, o PMDB diz que o partido trava uma "luta política fratricida" e busca sempre a diminuição de seu papel e de sua importância. Por isso, segue, precisa "trilhar caminhos próprios, apartando-se, com elegância, do PT".

    "O partido não pode se atrelar a insucessos do governo, ocasionados por decisões que, além de não terem sido suas, foram equivocadas."

    Em um momento de autocrítica, a sigla diz que não tem "bandeira, discurso e identidade exclusivamente próprios" e, por isso, tira "pouco proveito" de ter o maior número de políticos eleitos.

    Com os seus principais quadros investigados na Lava Jato, o partido não faz menção à operação. Defende apenas uma revisão da legislação sobre corrupção.

    OPOSIÇÃO

    O documento inclui críticas também para os partidos que fazem oposição ao governo. O PMDB afirma que eles cometeram um "erro de estratégia", porque, "em lugar de 'vender' a si própria, suas ideias, suas bandeiras, seu programa, optou por fazer o enfrentamento político no campo do adversário".

    Segundo o manifesto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado por Dilma no ano passado, recorreu a "acusações de baixo calão" e fez "uma campanha pouco propositiva". Para o partido, "em lugar de centrá-la no eleitor e em seus anseios, deixou-a muito focada no discurso da situação".

    Na avaliação do documento, o resultado foi a apatia do eleitorado: "Foram esses, exatamente, os 35 milhões de eleitores que se abstiveram e que fizeram toda a diferença no resultado das eleições.

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