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    o impeachment

    PMDB ameniza tom de críticas ao PT em nova versão de manifesto

    VALDO CRUZ
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    29/10/2015 22h44

    Diego Padgurschi - 25.set.2015/Folhapress
    O vice-presidente, Michel Temer, (PMDB) durante encontro com empresários em São Paulo
    O vice-presidente, Michel Temer, (PMDB) durante encontro com empresários em São Paulo

    O PMDB lançou nesta quinta (29) um programa de governo recheado de medidas contrárias ao receituário petista para demarcar sua decisão de lançar candidatura própria à Presidência da República na eleição de 2018.

    Intitulado "Uma ponte para o futuro", o documento foi apresentado pelo vice-presidente Michel Temer, que é o presidente do PMDB.

    Indagado se o texto representaria o primeiro passo para um rompimento com o governo Dilma Rousseff e o PT, Temer disse: "Vamos ter candidato próprio, só não sei se o PT vem ou não com a gente".

    Temer afirmou que o programa tem dois tempos: o administrativo, em busca de uma "pacificação" para enfrentar a situação de "grave risco" em que se encontra o país, e o político-eleitoral, lançando as bases para uma futura candidatura própria.

    O tom do documento é mais ameno do que o das versões preliminares que o antecederam, como a revelada pela Folha nesta quinta, que acusava os petistas de promover uma luta "fratricida" contra seus aliados no governo e culpava a política "equivocada" da presidente Dilma Rousseff pela crise econômica atual.

    O documento divulgado por Temer não cita o governo Dilma nem o PT, mas não deixa de mencionar os problemas na economia, dizendo que "nosso desajuste fiscal chegou a um ponto crítico", cuja solução "será muito dura para o conjunto da população".

    Para o PMDB, uma das causas do desequilíbrio seria o fato de que o governo "cometeu excessos" nos últimos anos.

    Antes de divulgar o documento, Temer ligou para Dilma a fim de tentar contornar o mal-estar provocado pela divulgação da versão anterior com ataques duros ao PT.

    Na conversa com a presidente, Temer afirmou que o documento divulgado pela Folha não era uma versão oficial e que o texto que ele distribuiria para imprensa não traria aquele tipo de crítica nem ao governo nem ao PT.

    O documento divulgado por Temer vinha sendo discutida pelo partido desde agosto, quando o clima entre o PMDB e o Palácio do Planalto era mais tenso do que agora.

    MEDIDAS

    Entre as medidas sugeridas, que ainda serão discutidas em congresso do partido em novembro, estão teses que o PT sempre combateu, como o fim da indexação dos benefícios sociais ao salário mínimo.

    O PMDB também defende o fim do sistema de partilha de produção no pré-sal e a permissão para que convenções trabalhistas prevaleçam sobre normas legais em negociações de patrões e empregados.

    Ao lançar o documento, Temer disse que o encaminharia a Dilma na tarde desta quinta, e revelou que já trocara ideias sobre as propostas com o ministro Joaquim Levy (Fazenda) por telefone.

    "Conversei com o Leyy sobre a proposta de que convenções coletivas se sobreponham à legislação. Ele disse que considerava isto uma coisa ótima", afirmou Temer.

    No curto prazo, o vice disse que o programa mostra que "precisamos urgentemente de mudar o rumo" do país e que propostas incluídas no documento peemedebista poderiam ser abraçadas de imediato pelo governo.

    Entre elas, citou a fixação de uma idade mínima para aposentadoria no país para enfrentar o desequilíbrio futuro dos gastos da Previdência Social. "Acho que podemos caminhar para uma idade mínima de 65 anos para homens e 60 para mulheres."

    CPMF

    Temer disse ainda que, no curto prazo, o partido não descarta avaliar a necessidade de aprovar a volta temporária da CPMF para enfrentar o "desajuste fiscal" apontado em seu diagnóstico.

    Na área fiscal, o documento peemedebista propõe fixar um limite para as despesas de custeio inferior ao crescimento do PIB e criar a figura do Orçamento impositivo.

    O documento divulgado pelo PMDB afirma que "qualquer voluntarismo na questão dos juros é o caminho certo para o desastre" e diz que, resolvida a questão fiscal, "é possível que os juros caiam a partir de 2016".

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