• Poder

    Saturday, 18-May-2024 10:48:58 -03

    o impeachment

    Membros da sociedade civil discordam de ajuste, mas temem impeachment

    DE SÃO PAULO
    DE CURITIBA
    DO RIO
    DE PORTO ALEGRE
    DO RECIFE
    DE SALVADOR
    DE RIBEIRÃO PRETO

    02/11/2015 02h00

    Representantes da sociedade civil fazem coro para criticar a política econômica de Dilma Rousseff –principalmente a proposta do ajuste fiscal–, mas avaliam que um eventual impeachment agravaria a situação do país.
    A Folha ouviu empresários, advogados, políticos e sindicalistas de sete Estados.

    A opinião geral é de que a origem da crise é política e que o governo deve cortar gastos do Estado para atingir equilíbrio no Orçamento, evitando aumento de impostos.

    Apesar de apresentarem algumas críticas ao governo –falha de comunicação com a sociedade, por exemplo, representantes de movimentos sociais se mostram mais tolerantes à gestão petista, e membros do partido disseram ver o esforço de Dilma na tentativa de solução.

    Empresários também rejeitam as propostas da gestão atual para resolver a crise econômica, mas, assim como políticos da oposição, são cautelosos quanto à abreviação de seu governo, inclusive numa eventual renúncia.

    Leia algumas as opiniões coletadas pela reportagem.

    -

    "Não sou a favor de impeachment. Acho que grande parte dos empresários não é. Estamos alinhados com ela para ter solução. O pedido do Levy devia ser feito para os bancos."
    OLAVO MACHADO JUNIOR,
    presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

    -

    "Uma grave crise de confiança paralisou o país desde o início deste governo. É preciso reordenar as finanças públicas e isso passa pela contenção de gastos, e não por mais tributação"
    EDUARDO EUGÊNIO GOUVÊA VIEIRA,
    presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

    -

    Fabio Braga - 30.set.2014/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 30-09-2014: O presidente da Fiesp, Paulo Skaf. A TV Globo promove debate entre os candidatos ao governo de Sao Paulo. Mediado pelo jornalista Cesar Tralli, o debate tera a participacao dos sete candidatos com representacao na Camara dos Deputados: Geraldo Alckmin (PSDB), Alexandre Padilha (PT), Paulo Skaf (PMDB), Gilberto Maringoni (PSOL), Gilberto Natalini (PV), Walter Ciglioni (PRTB) e Laércio Benko (PHS). (Foto: Fabio Braga/Folhapress, PODER).

    Espero que o governo respeite o voto de confiança que o povo brasileiro deu e defenda os interesses da nação. Ou é melhor que vá embora para casa mesmo, da forma que for."
    PAULO SKAF, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e filiado ao PMDB

    -

    "A presidente não fez a mobilização política necessária. Precisava regular investimento externo e remessas de lucros, taxar grandes fortunas e a propriedade, abrir alíquotas do IR."
    FERNANDO MARCELINO,
    coordenador do Movimento Popular por Moradia, de Curitiba

    -

    "A política econômica está na contramão do que os movimentos sociais defendem. O ajuste penaliza o setor mais frágil: trabalhadores. Essa política foi feita na gestão tucana e não funcionou"
    CARLOS VERAS, presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco

    -

    "Essas políticas recessivas só puxaram ainda mais para baixo a economia, fizeram o desemprego culminar. Os trabalhadores não podem pagar sozinhos essa conta."
    SÉRGIO BUTKA, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da GrandeCuritiba e membro da Força Sindical

    -

    "Colocar o impeachment o tempo todo na pauta só piora o ambiente econômico. As pessoas ficam na dúvida até se vão reformar o banheiro da casa. Dilma precisa liderar o diálogo nacional."
    RAFAEL MARQUES, petista, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

    -

    Fernando Vivas - 23.ago.2014/Folhapress
    SALVADOR, BA, 23.08.2014: O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), discursa durante o lançamento do Plano Nordeste Forte, com propostas do presidenciável Aécio Neves (PSDB) para a região. (Foto: Fernando Vivas/Folhapress)

    "O governo adotou a linha falida que causou esta crise política: fatiamento dos ministérios, a distribuição de cargos, o toma lá, dá cá com o Congresso. Esse modelo, em vez de remédio, pode ser um veneno"
    ACM NETO, prefeito de Salvador (DEM)

    -

    "Se for crise, logo sairemos para algo pior ou melhor. Mas talvez seja um novo país se redesenhando, individualista, um país pior. Para a oposição é cada vez mais difícil entrever nosso futuro."
    JOÃO PAULO CAVALCANTI FILHO, advogado (PE) e ex-membro da CNV

    -

    "Buscamos compreender as dificuldades do governo, mas o setor produtivo está sendo penalizado. mas sempre pode piorar. não vejo quem possa dar rumo ao país no caso de possível impeachment."
    ISABEL DA CUNHA, vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes (BA)

    -

    "Não pode ser só o setor produtivo a bancar uma crise que vem de questão gerencial do governo. O momento não é bom para um impeachment, que compromete a democracia no longo prazo."
    JORGE CAJAZEIRA, presidente do Sindpacel, do setor de celulose (BA)

    -

    Jean Schwarz - 07.out.2014/Agência RBS/Folhapress
    PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 07/10/2012: Candidato do PDT prefeitura da Capital, Jos Fortunati votou por volta das 8h30min, no colgio Paula Soares, no centro de Porto Alegre. Ele estava acompanhado de Jos Fogaa, do candidato a vice-prefeito Sebastio Melo Mello, do presidente do PDT no RS, Vieira da Cunha, e de outras lideranas dos partidos da coligao que o apoia. (Foto: Jean Schwarz/Agncia RBS) **RS e SC OUT** *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***

    "A penalização tem de ser dada com muita contundência a quem praticou os atos, mas isso até o momento não atinge a presidente. Toda vez que o país passar por crise econômica vai precisar de impeachment?"
    JOSÉ FORTUNATI, prefeito de Porto Alegre (licenciado do PDT)

    -

    "Eu disse no meu discurso de posse: 'Vai para casa, Dilma'. Infelizmente, talvez a culpa nem seja toda dela, mas ela está com uma equipe mal formada, num modelo político desastroso, maléfico. Ela não está tendo a maestria para poder conduzir o país nesse momento. É um momento difícil, não está tendo ninguém para aglutinar as forças políticas."
    EDSON CAMPAGNOLO, presidente da Federação das Indústrias do Paraná

    -

    "Precisamos do ajuste principal: a confiança. Se o mundo não tiver confiança em nós, fica difícil ter credibilidade. O governo primeiro teria que dar exemplo, cortando na carne. Esse corte de ministérios é uma verdadeira espuma. Chegou a hora da verdade."
    ÁGIDE MENEGUETTE, presidente da Federação da Agricultura do Paraná

    -

    "A crise não é só dirigida à presidente. A sociedade está simplesmente no limite de sua paciência em relação a toda a representação política. Há um descrédito muito grande das instituições. É uma crise de confiança da população."
    JULIANO BREDA, presidente da OAB-PR

    -

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 05-07-2015, 12h00: O governador do Parana Beto Richa. Convenção nacional do PSDB, com o presidente do partido senador Aecio Neves, o senador jose serra, o ex presidente Fernando Henrique Cardoso e o gov. de SP geraldo alckmin, no hotel royal tulip, em bsb. (Foto: Pedro Ladeira - 05.jul.21015/Folhapress, PODER)

    "O PSDB pode apoiar um eventual governo Temer. A maioria é contrária, mas o que defendo é dar o voto de confiança, mostrar que o PSDB não faz oposição sistemática, e sim a favor do Brasil. Ele [Temer] tem mais habilidade, muito mais habilidade política, que faltou permanentemente a esse governo."
    BETO RICHA, governador do Paraná (PSDB)

    -

    "É preciso combater a inflação, manter um equilíbrio mínimo no congresso, fazer um pacto com os partidos de oposição e botar as finanças públicas sob controle. Senão, não há governo que possa planejar o futuro."
    ANGELO VANHONI, ex-deputado federal (PT-PR)

    -

    "A economia brasileira, o futuro a curto e médio prazos, depende da solução política. Tendo uma solução, seja ela qual for, esfriando os ânimos dos políticos em Brasília, dando governabilidade a quem for, acreditamos que a economia volte à situação normal e pensemos em voltar a crescer."
    MÁRIO FERREIRA CAMPOS FILHO, economista e presidente da Siamig (entidade das usinas)

    -

    Raquel Cunha - 4.mai.2015/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 04-05-2015: Festa de comemoracao de 15 anos do jornal Valor Economico. Rui Costa, governador da Bahia pelo PT. (Foto: Raquel Cunha/Folhapress, MONICA BERGAMO) ***EXCLUSIVO***

    "Vejo que a presidente tem buscado uma maior aproximação com o Congresso e estabelecido um diálogo com as lideranças políticas. Não é uma tarefa fácil, afinal, conciliar com uma base de mais de 25 partidos."
    RUI COSTA, governador da Bahia (PT)

    -

    "[O ajuste fiscal] não é suficiente nem para fechar a conta do deficit no orçamento –porque foi estimado um PIB que não irá se realizar–, e não há condições de aumentar impostos."
    BRUNO ARAÚJO, deputado federal (PSDB-PE) e líder da oposição

    -

    "A crise leva sofrimento a todas as camadas da sociedade. Depois, deverá levar o governo a corrigir problemas como os níveis absurdos de corrupção e de ineficiência na administração pública, participação mais efetiva da sociedade no comando e fiscalização das políticas públicas."
    PEDRO HENRIQUE ALVES, presidente da OAB-PE

    -

    Alan Marques - 03.mar.2015/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 03.03.2015. às 16iH. O senador Humberto Costa participa de sessão do Senado Federal. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER

    "[O ajuste fiscal] é o que se pode fazer no momento. A CPMF vai precisar de um amplo debate, o ideal seria buscar outras saídas para aumentar a receita."
    HUMBERTO COSTA, senador (PT-PE)

    -

    "O governo precisa dar exemplos. Quando você dá o exemplo, é mais fácil pedir sacrifício e apoio. Não é possível que em um orçamento de R$ 1 trilhão não haja gordura para cortar."
    RICARDO ALBAN, presidente da Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia)

    -

    "O regime democrático prevê o impeachment, por isso não o vejo com temor."
    LUIZ VIANA QUEIROZ, presidente da OAB-BA

    -

    "Não vamos aceitar um governo ilegítimo. Aqueles que ousarem dar um golpe no governo legítimo da presidenta Dilma vão ver um caos com a resistência e desobediência civil das camadas mais pobres."
    CEDRO SILVA, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia e presidente da CUT na Bahia

    -

    "Pessoalmente, vejo que a luta deve ser de todos para manter a questão institucional de presença permanente de quem ajudou a construir a democracia no nosso país."
    JOSÉ IVO SARTORI, governador do RS (PMDB)

    -

    "As dúvidas que marcam o tabuleiro econômico e político no país impactam a tomada de decisão de consumidores e empresários, com consequências sobre vendas e emprego. É a maior crise que já vi em pelo menos dez anos."
    ORLANDO DINIZ, presidente da Fecomercio-RJ

    -

    Divulgação
    Márcio França em Brasília http://www.marciofranca.com.br/imprensas/imprensa.asp

    "Nesse momento, há uma 'depressão congênita', todo mundo acha que vai piorar. Acaba sendo uma espécie de catarse, a mesma que aconteceu três anos atrás –só que esta era positiva. Nem era motivo para estar antes no superotimismo, nem é motivo para estarmos em um superpessimismo. Essa falta de estabilidade provoca uma sensação de insegurança para o investidor."
    MARCIO FRANÇA, vice-governador de SP (PSB)

    -

    (ESTELITA HASS CARAZAI MARCELO TOLEDO PATRÍCIA BRITTO, JOÃO PEDRO PITOMBO, LUCAS VETORAZZO, FELIPE BÄCHTOLD, e PAULA SPERB)

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024