• Poder

    Wednesday, 01-May-2024 03:17:50 -03

    análise

    Desafio de Haddad é reconquistar a periferia

    MAURO PAULINO
    DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
    ALESSANDRO JANONI
    DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

    03/11/2015 02h00

    Não é só com os reflexos das crises política e econômica sobre a sucessão paulistana que o prefeito Fernando Haddad deve se preocupar.

    Considerando-se o alto grau de rejeição ao PT, ao governo federal e aos políticos tradicionais na capital, conseguir metade da população avaliando pelo menos como regular a atuação do prefeito lança dúvidas sobre a correlação entre essas duas esferas.

    Pelos resultados do Datafolha, o maior desafio de Haddad será reconquistar a adesão do segmento da população que mais o apoiava –eleitores de menor renda, distribuídos majoritariamente pela periferia da cidade.

    Antes das manifestações de junho de 2013, esse era o estrato que apresentava maior taxa de aprovação à administração do petista. Hoje, é o conjunto em que sua popularidade se mostra mais baixa.

    Há contrastes mesmo entre os jovens, onde Haddad alcança melhor desempenho. O petista obtém seu maior índice de popularidade entre jovens com renda superior a cinco salários (29%). Entre os que têm renda inferior, a taxa de aprovação à gestão fica em 16%.

    O prefeito deve provocar debate nas famílias de classe média, já que sua rejeição tende a ser maior justamente entre os idosos mais ricos.

    A tendência reflete-se na intenção de voto para prefeito. Entre os paulistanos com renda de até dois salários mínimos, Marta Suplicy (PMDB) é a candidata que mais cresce em relação à média. Entre jovens de maior renda, Haddad tem sua melhor taxa e bate até Celso Russomanno (PRB).

    As marcas da administração Marta na periferia –como os CEUs– e o alcance da TV ali explicam não só o bom desempenho da ex-prefeita nos estratos mais carentes como também as performances de Russomanno e Datena entre os menos escolarizados.

    A queda de popularidade de Haddad entre os mais pobres não parece ser uma reação negativa às recentes medidas de mobilidade e ocupação do espaço público adotadas pela Prefeitura, em geral bem recebidas no segmento.

    Estratificando-se a amostra em cinco subgrupos de acordo com o apoio às três ações recentes –uso da Paulista para lazer, redução da velocidade máxima nas ruas e ampliação das ciclovias– não se nota contraste significativo de acordo com a renda familiar.

    Os grupos mais favoráveis, "entusiastas" (que aprovam as três medidas) e "simpatizantes" (aprovam duas delas) somam 51%. Os "reticentes" (aprovam apenas uma) e os "refratários" (reprovam todas) chegam, juntos, a 48%. Os jovens são os mais entusiasmados com as ações e os idosos, os mais resistentes.

    DEMANDAS

    Para a periferia, apenas fechar avenidas, construir ciclovias ou diminuir a velocidade nas ruas não é suficiente. Compreender demandas específicas desses bairros e aplicar políticas públicas adequadas, reduzindo a percepção de carência que seus moradores atribuem à gestão municipal, é fundamental.

    Foram os eleitores da periferia, com seu peso populacional e sua nova inserção na sociedade, que decidiram as últimas eleições. A um ano da próxima disputa, os adversários de Haddad mostram ter junto a esses eleitores maior potencial para a missão.

    Prefeitura de SP

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024