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    o impeachment

    Lula diz que não irá admitir que o chamem de corrupto

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    05/11/2015 21h16

    Em discurso com fortes críticas aos defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (5) que não irá admitir que o chamem de corrupto e reconheceu a possibilidade de ser candidato à sucessão presidencial em 2018.

    Em encerramento da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, promovida pelo Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), o petista afirmou que atualmente não é candidato ao Palácio do Planalto, mas ponderou que se daqui a três anos aparecer uma candidatura que ameace acabar com as conquistas dos governos petistas à frente do governo federal, ele estará na campanha eleitoral "ou como cabo eleitoral ou como candidato".

    "Nem que tenha apenas um minutos de vida, se estiver concorrendo contra nós um projeto conservador que tenha como objetivo acabar com as coisas que fizemos neste país, pode estar certo que eu estarei na campanha ou como cabo eleitoral ou como candidato", acrescentou.

    O petista afirmou que as críticas que ele tem sofrido atualmente são resultado do receio de que ele seja candidato presidencial, ressaltou que não permitirá mais que corruptos o chamem de corrupto e disse todos aqueles que duvidam se seu caráter não possuem nem 10% de sua honestidade.

    "Não vou mais admitir que corrupto nos chame de corrupto. Todos esses que ficam nos acusando, se colocarem um dentro do outro, não chega a 10% da minha honestidade nesse país", disse.

    Em delação premiada, o lobista Fernando Soares disse ter feito um pagamento de R$ 2 milhões a um amigo do petista, montante que seria destinado a uma nora do ex-presidente. O lobista disse que o dinheiro foi destinado ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.

    No discurso, o petista defendeu que nesse momento é necessário ter coragem para responder às críticas e afirmou que os escândalos de corrupção estão sendo investigados pela Polícia Federal porque o atual governo federal tem priorizado a apuração, diferente das gestões anteriores.

    "Vocês sabem que o momento em que a presidente Dilma Rousseff tem vivido não é o melhor e os ataques que estou sofrendo não são à toa", disse. "Eles estão dando de barato de que a Dilma acabou e agora vamos acabar com o Lula, porque esse tal de Lula pode voltar em 2018", acrescentou.

    O petista também ironizou o acampamento, em frente ao Congresso Nacional, de movimentos favoráveis ao impeachment da presidente. Segundo ele, é necessário informar a eles a necessidade de se ganhar uma eleição para governar o país e "exercer a democracia".

    "Na frente do Congresso Nacional tem um acampamento da turma que que quer o impeachment. Nós temos de dizer para essa gente que eles tem o direito de querer um presidente. Mas se eles querem ter um presidente, aprendam a exercer a democracia e ganhem a eleição como nós ganhamos. Não vamos admitir o impeachment da presidente", disse.

    O encerramento da cerimônia teve as participações dos ministros Marcelo Castro (Saúde), Nilma Gomes (Mulheres e Direitos Humanos), Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social). Em discurso, Campello saiu em defesa do petista e disse que se ele tem culpa por algo no país, é por ter tirado o Brasil do mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas).

    "Muitos dizem que o senhor é culpado de muita coisa. Nós nesse plenário dizemos que o senhor é culpado por tirar o país da fome, por ter criado o Bolsa Família e por ter reduzido a mortalidade infantil", afirmou.

    No discurso, o petista fez críticas também ao relator da proposta orçamentária de 2016 na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), que defendeu uma redução de R$ 10 bilhões na previsão de despesas do Bolsa Família.

    Segundo ele, quem defende um corte no programa social "não tem noção do que significa" a importância da iniciativa para a distribuição de renda. Ele sugeriu ao deputado federal que, em vez de sugerir a redução do Bolsa Família, cobre mais das classes mais ricas.

    "Eles estão aproveitando uma maré conservadora para tentar jogar em cima das famílias mais pobres do país a responsabilidade de muita coisa do que eles têm culpa. O que está em disputa nesse país é a comparação de projetos", disse.

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