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    o impeachment

    Ordem de Dilma é de evitar comentar defesa de Cunha

    MARINA DIAS
    AGUIRRE TALENTO
    DE SÃO PAULO

    09/11/2015 02h00

    Pedro Ladeira -197.jul.2015/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 16-04-2015, 10h00: Presidente Dilma Rousseff, na foto cumprimentando o presidente da câmara dos deputados dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), participa, ao lado do ministro da defesa Jaques Wagner e do comandante do exército, general Eduardo Villas Bôas, de cerimônia comemorativa do dia do exército, no quartel general do exército, em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Dilma cumprimenta Cunha durante cerimônia do Dia do Exército

    Horas depois de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reconhecer sua ligação com contas na Suíça, a ordem no Palácio do Planalto foi não tratar publicamente do assunto e tentar desvincular a polêmica do governo Dilma Rousseff.

    Apesar de, nos bastidores, ministros e assessores da presidente considerarem a versão de Cunha "fantasiosa", oficialmente o tema será tratado como "um problema do Legislativo", frase que deve ser ecoada por Dilma e seus auxiliares nos próximos dias sempre que forem questionados sobre o assunto.

    A avaliação do governo é que o tema não pode virar um novo ponto de atrito com Cunha, que tem a prerrogativa de abrir ou não processo de impeachment contra Dilma.

    Na sexta (6), mais de um mês após vir à tona que ocultou patrimônio na Suíça, Cunha reconheceu sua ligação com as contas suspeitas de terem sido irrigadas com recursos desviados da Petrobras. Ele disse que o dinheiro tem origem lícita.

    Segundo ele, a verba foi fruto de negócios que teria feito antes de entrar na vida pública, como a venda de carne enlatada para o exterior e investimentos em ações.

    Desde que assumiu a presidência da Câmara, em fevereiro, o peemedebista ajudou a articular derrotas importantes contra o governo e, em julho, declarou-se oficialmente rompido com o Planalto.

    Agora, com as denúncias contra ele e o processo que corre no Conselho de Ética da Câmara e pode terminar com a cassação do mandato do peemedebista, Dilma teme o que chama de "imprevisibilidade" nas ações de Cunha.

    Ele já fez chegar à presidente que, caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, peça o seu afastamento da presidência da Câmara, ele vai deferir o processo de impedimento de Dilma.

    A aliados, a petista se mostrou preocupada porque, segundo ela, não há como ter controle sobre Janot.

    Entre os parlamentares, o clima é bem parecido com o dos corredores do Planalto.

    Nos bastidores, deputados comentam que a versão de Cunha não os convenceu, mas, publicamente, poucos expressam uma opinião clara sobre o assunto.

    A ordem do Planalto e da cúpula do PT aos seus líderes na Câmara é não alvejar Cunha, para não estimular ações contra a presidente.

    Entre a oposição, o assunto também é tratado com cautela. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), por exemplo, afirmou que o assunto cabe ao Conselho de Ética da Câmara.

    O PSDB, que na terça reúne sua Executiva Nacional, deve aprovar um pedido de afastamento de Cunha da Presidência da Casa, segundo o secretário-geral da legenda, Silvio Torres (SP).

    O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), autor da representação contra Cunha no Conselho de Ética, classificou as explicações dadas pelo peemedebista como um "conto de realismo fantástico".

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