O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou nesta quinta-feira (12), por meio de seu advogado José Roberto Batochio, que não participava da escolha dos conselheiros do Carf, conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga recursos contra multas aplicadas a empresas pela Receita Federal e é alvo da Operação Zelotes, desencadeada em março.
Segundo o advogado, os nomes eram escolhidos por um "conselho de notáveis", formado por funcionários do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, e o ministro apenas assinava as nomeações. De acordo com Batochio, metade dos membros do Carf é indicada pela iniciativa privada, por meio de associações representativas de empresários, e a outra metade é escolhida entre funcionários públicos.
Os sigilos bancário e fiscal de Mantega foram quebrados por ordem do juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela Zelotes, que acolheu um pedido do Ministério Público Federal, conforme a Folha revelou nesta quinta-feira.
A intenção do Ministério Público, com as quebras, é verificar se Mantega sofreu influência indevida ao nomear determinados membros do Carf. Ao mesmo tempo, os procuradores querem saber a extensão do relacionamento de Mantega com o empresário Victor Sandri, da empresa de cimentos Penha, que conseguiu reverter multas no valor de R$ 106 milhões em uma votação no Carf.
"O ex-ministro não teve nenhuma influência direta na escolha dos conselheiros. Esse 'conselho de notáveis' é que manda os nomes ao ministro, que se limita apenas a homologar a escolha", defendeu Batochio.
Sobre a relação entre Mantega e Sandri, o advogado afirmou que há cerca de 20 anos o ex-ministro vendeu ao empresário um terreno, que recebera de herança de seu pai. Sandi pagou o imóvel com unidades de um condomínio construído no local. "Esse negócio ocorreu quando Mantega não era ministro", disse o advogado.
Batochio chamou as suspeitas levantadas pelos investigadores da Zelotes de "ilações, conclusões e análises que estão sujeitas a erros flagrantes".
O advogado disse que Mantega não tem "a menor preocupação" com a investigação, porque a quebra de sigilos "não vai encontrar nenhum movimento" irregular.
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