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    o impeachment

    Temer defenderá uso de 'remédios amargos' para reajustar a economia

    DANIELA LIMA
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    17/11/2015 02h00

    Alan Marques/Folhapress
    O vice Michel Temer dá declaração à imprensa após receber o príncipe herdeiro da Noruega, Haakon
    O vice Michel Temer dá declaração à imprensa após receber o príncipe herdeiro da Noruega, Haakon

    O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), vai usar o congresso promovido pelo centro de estudos de seu partido nesta terça-feira (17) para fazer um novo apelo pela reunificação do país em nome da superação da crise econômica.

    Na última vez em que defendeu o engajamento das diversas forças políticas na superação da crise, o peemedebista incomodou aliados de Dilma Rousseff, que viram no gesto dele uma tentativa de se colocar como o agente capaz de promover essa união.

    Segundo aliados, Temer vai reconhecer a gravidade da situação das contas públicas, defenderá a adoção de remédios amargos para reajustar a economia e endossará as propostas feitas no programa de governo lançado em outubro pela Fundação Ulysses Guimarães.

    A mensagem do vice seria de que, no documento, o PMDB aponta um rumo para a superação da crise. O documento, intitulado "Ponte para o Futuro" será usado como escudo por integrantes da sigla que têm criticado a política econômica adotada na gestão Dilma. "Ele é a nossa bíblia", afirmou o ex-ministro Moreira Franco, presidente da fundação e organizador do encontro.

    A realização do evento e o conteúdo dos discursos preocupam a equipe de Dilma no Palácio do Planalto, que vê risco de o congresso do PMDB se transformar em palco de críticas ao governo.

    Para diminuir o mal-estar, Temer fez questão nesta segunda-feira (16) de, em reunião da coordenação política do governo, ressaltar que o encontro não tem poder deliberativo e que embora seja defendida abertamente por setores de sua sigla, a proposta de ruptura com o PT é defendida por uma minoria.

    Ele ressaltou, contudo, que o PMDB, assim como o PT, precisa defender suas bandeiras políticas e seguir seu percurso partidário. "Esse congresso não é deliberativo, é um espaço para discussões. As decisões só serão tomadas em março [mês da convenção nacional da legenda]", ponderou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

    Apesar das falas contemporizadoras, o PMDB vai tentar dar peso institucional ao evento levando figuras tradicionais no partido, como o ex-presidente José Sarney. Outros nomes da sigla deverão aparecer, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    Submerso em uma crise, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse a aliados que também marcaria presença no evento. A decisão preocupou aliados do deputado. Neste momento, dizem, cercado por acusações, Cunha não deveria se expor.

    O Planalto vai acompanhar o evento e pretende atuar junto à ala governista do PMDB caso a defesa pelo desembarque da administração federal domine o evento. Petistas defendem que Dilma dê mais espaço ao vice no governo para evitar o risco de desembarque.

    Peemedebistas mais alinhados ao governo fizeram chegar a Temer críticas ao programa de governo feito pelo PMDB. Nos últimos dias, o vice se reuniu com aliados para conter os críticos e evitar um bombardeio à agenda.

    No script dos aliados do vice, além da construção de um discurso que apresente Temer como alternativa segura caso Dilma não conclua o mandato, está a organização de uma agenda de viagens pelo país. O objetivo é tornar Temer conhecido e aumentar sua capilaridade junto a lideranças regionais.

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