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    PF leva a depoimento sob coerção cunhado de Roseana Sarney

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    17/11/2015 11h47

    Patricia Santos - 03.out.2002/Folhapress
    Debate entre candidatos ao governo do Maranhao na TV Mirante Na foto o candidato Ricardo Murad do PSB (Sao Luis,MA,3.10.2002.12H.Foto de Patricia Santos/Folha Imagem.Digital)
    Ricardo Murad, ex-secretário de Saúde do Maranhão, que teve os bens bloqueados

    Cunhado da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB), o ex-secretário de Saúde do Estado Ricardo Murad foi levado sob coerção pela Polícia Federal nesta terça-feira (17) para prestar depoimento nos autos da Operação Sermão aos Peixes, deflagrada nesta manhã pela PF, CGU (Controladoria Geral da União) e Ministério Público Federal. Murad era considerado o homem forte da segunda administração de Roseana no governo do Maranhão, de 2009 a 2014. Hoje o Estado é governado por Flávio Dino (PC do B).

    O objetivo da investigação, que teve início em 2010, segundo nota distribuída pela direção geral da PF, é "reprimir o desvio de recursos públicos federais do Fundo Nacional de Saúde destinados ao Sistema de Saúde do Maranhão".

    A operação mobilizou mais de 200 policiais federais, que cumpriram 100 mandados judiciais, sendo 13 de prisão preventiva, 60 de busca e apreensão e 27 de condução coercitiva para depoimento. Os policiais também cumpriram busca e apreensão na casa de Murad. Os nomes das pessoas contra as quais foram expedidos pela Justiça mandados de prisões preventivas ainda são mantidos sob sigilo pela PF.

    De acordo com a PF, a investigação começou em 2010, durante a gestão de Roseana, "quando o então secretário de saúde do Estado do Maranhão se utilizou do modelo de 'terceirização' da gestão da rede de saúde pública estadual, ao passar a atividade para entes privados", duas organizações não governamentais de modelo Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). A intenção, para a PF, era "fugir dos controles da lei de licitação".

    "Essa flexibilização significou uma burla às regras da lei de licitação e facilitou o desvio de verba pública federal, com fim específico de enriquecimento ilícito dos envolvidos. Com esse modelo de gestão, foi possível empregar pessoas sem concurso público e contratar empresas sem licitação", informou a PF em nota.

    De acordo com a PF, durante o período da investigação a União destinou ao Fundo Estadual de Saúde do Maranhão, por meio do Ministério da Saúde, um total de R$ 2 bilhões.

    A Folha apurou que a investigação no Maranhão está cercada de fatos estranhos cujas responsabilidades também vêm sendo apuradas pela PF. Em determinado momento do inquérito, dois incêndios, em andares diferentes de um prédio do governo do Estado, inviabilizaram o cumprimento de mandados de busca e apreensão da PF para obter documentos considerados essenciais para esclarecimentos de suspeitas.

    Além disso, a operação deveria ter sido deflagrada na próxima sexta-feira (20), mas teve que começar de forma preliminar já na noite desta segunda-feira (16) porque houve indícios de vazamento de informações.

    Em nota, a PF informou que os investigados poderão responder "pelos crimes de estelionato, associação criminosa e peculato, bem como por organização criminosa e lavagem de dinheiro".

    Em agosto, quando a Justiça Federal determinou bloqueio de seus bens sob acusação de irregularidades na Saúde, Ricardo Murad manifestou-se em uma rede social. Ele culpou o governador Flávio Dinio, que estaria "perseguindo seus adversários" por meio de uma Secretaria da Transparência, que teria produzido uma "auditoria falsa". Murad disse que ainda que ele e sua equipe "estão à disposição da Justiça para prestar todas as informações que porão abaixo a fábrica de mentiras e maldades produzidas pela 'Gestapo' de Flávio Dino".

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