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    Saúde no Maranhão é de primeiro mundo, diz ex-secretário investigado

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    19/11/2015 12h38

    O ex-secretário de Saúde do Maranhão Ricardo Murad, cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), disse que seu Estado tem "uma rede de assistência à saúde de primeiro mundo". O texto publicado em rede social nesta quinta-feira (19) é uma resposta às suspeitas levantadas pela Operação Sermão aos Peixes, deflagrada nesta terça-feira (17) para investigar supostos desvios de recursos da saúde durante a gestão de Roseana, de 2009 a 2014.

    "Sempre me coloquei antes mesmo da operação à disposição da Justiça, MPF e PF e continuo no mesmo propósito porque tenho o dever de defender a nossa obra que, pela primeira vez, deu a todos os maranhenses oportunidades de ter uma rede de assistência à saúde de primeiro mundo", escreveu Murad.

    Murad afirmou que "não houve desvios bilionários, como afirma o superintendente da Polícia Federal". O delegado Alexandre Saraiva estimou que 60% dos recursos destinados à saúde tenham sido desviados no Maranhão no período investigado pela PF. Duas entidades não governamentais receberam cerca de R$ 2 bilhões em recursos públicos e contrataram diversas empresas sem licitação, segundo a PF.

    Em sua resposta na rede social, Murad não comentou o apoio financeiro das empresas terceirizadas para campanhas eleitorais. Conforme a Folha revelou nesta quarta-feira (18), a Polícia Federal também levantou indícios de que parte do dinheiro da propina abasteceu pelo menos 61 campanhas eleitorais no Maranhão, incluindo as de parentes de Murad.

    O ex-secretário também não falou sobre o pedido de prisão preventiva feito pela PF e acompanhada pelo Ministério Público Federal, que o acusam de ter tentado destruir provas. No dia da deflagração da operação, a PF achou uma fogueira no quintal da casa do ex-secretário, papéis recentemente incinerados, e indícios de que houve transferência de documentos de uma casa para outra na família Murad. O pedido de prisão está sendo analisado pelo juiz federal Roberto Carvalho Veloso.

    Uma auditoria da CGU (Controladoria Geral da União) apontou desvios de pelo menos R$ 114 milhões.

    "Na Secretaria de Saúde não houve desvios bilionários como afirma o superintendente da Polícia Federal, mas sim muito trabalho, dedicação e seriedade com os recursos públicos que destinamos para atender aos maranhenses uma rede de hospitais, upas e centros especializados de medicina digna de povos avançados", escreveu Murad na rede social.

    "Um absurdo –completo absurdo, aliás– se imaginar que mais de um bilhão de reais tenha sido desviado de serviços médicos hospitalares da rede estadual. Isso levaria, com absoluta certeza, a que mais da metade dos hospitais do Estado não estivessem funcionando nos últimos cinco anos, porque representaria mais de 50% dos recursos aplicados no setor", afirmou o ex-secretário na rede social.

    Segundo Murad, "ampliamos e melhoramos muito a oferta de serviços médicos, a quantidade de hospitais, a qualidade do atendimento. Isso é público e notório!"

    O ex-secretário disse que prestou depoimento de "mais de 15 horas" à Polícia Federal, "com 30 páginas de esclarecimentos" nas quais teria respondido "a tudo" o que foi perguntado.

    "Deixei registrado que no período em que estive à frente como secretário, ao contrário do que se divulga, não houve superfaturamento, nem pagamentos de serviços, obras, medicamento e materiais médico/hospitalar que tenham sido pagos sem a devida prestação de serviço ou a correspondente entrega dos produtos e materiais e muito menos pagamentos de médicos e funcionários fantasmas", disse Murad.

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