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    Lava Jato

    Cunha é alvo de protesto de deputados após manobra para cancelar Conselho

    DÉBORA ÁLVARES
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    19/11/2015 14h37

    A sessão do Conselho de Ética que analisaria o processo de cassação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nesta quinta-feira (19) acabou adiada após manobra de Cunha para suspendê-la e duros protestos dos parlamentares.

    Houve bate-boca e uma guerra de questões de ordem no início dos trabalhos do plenário desta quinta. Cunha sofreu as mais duras críticas em plenário desde que assumiu a Presidência da Casa.

    A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) discursou bem em frente a ele e chegou a dizer que Cunha não tinha mais condições de presidir a Câmara. "O senhor está com medo?", questionou-lhe, sobre a manobra para suspender o Conselho de Ética. Cunha não respondeu.

    Após duas horas tumultuadas, mais de 50 deputados de diversos partidos, inclusive do PT, deixaram a sessão e saíram pelos corredores da Casa aos gritos de "Fora Cunha", rumo ao plenário para dar continuidade à reunião do Conselho.

    Pela manhã, aliados do presidente da Câmara conseguiram suspender a reunião. Em seguida, em mais uma manobra, Cunha cancelou, por meio do segundo secretário da Casa, Felipe Bornier (PSD-RJ), a sessão da comissão julgadora.

    Após a pressão que veio até mesmo de antigos alicerces, como líderes do DEM e do PSDB, Mendonça Filho (PE), e Nilson Leitão (MT), que foram à tribuna anunciar obstrução à eventuais votações e pedir que Cunha revertesse a decisão de cancelar os trabalhos do Conselho, o peemedebista voltou atrás.

    Entre os deputados que estavam na reunião do Conselho, estavam os deputados petistas Henrique Fontana, Zé Geraldo, Maria do Rosário; além de Jandira Feghali (PcdoB-RJ), Afonso Hamm (PP-RS), Mendonça Filho (DEM-PE), Pauderney Avelino (DEM-AM), Bruno Araújo (PSDB-PE), Nilson Leitão (PSDB-MT), Glauber Braga (PSOL-RJ), Chico Alencar (PSOL-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP), Alessandro Molon (Rede-RJ), Rubens Bueno (PPS-PR).

    Após o protesto no plenário da Câmara, deputados voltaram ao Conselho de Ética e reabriram a sala, que já estava fechada, para reiniciar a sessão, que teve a participação também de não-membros do conselho. Com a saída em massa, o plenário não teve mais quórum para votar projetos, como tentava o presidente.

    O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), ponderou que faria apenas uma sessão de debates, para evitar ferir o regimento caso tentasse ler o relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que aceita o processo contra Cunha. Araújo sustentou que na próxima terça-feira será votado o parecer.

    Começou, então, uma série de desagravos ao conselho e críticas a Cunha. "Nós não vamos aceitar qualquer mecanismo que retire do Conselho de Ética as suas prerrogativas", disse o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), que até então evitava bater de frente com o presidente da Casa.

    O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) defendeu que os deputados não dessem mais quórum nas sessões do plenário, para que Cunha se sentisse forçado a sair do cargo. O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) afirmou que "garantir que as prerrogativas sejam preservadas é garantir sobretudo a democracia".

    O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), exibiu um cartaz no qual estava escrito que a "ordem do dia" da Câmara agora era "fora Cunha".

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