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    o impeachment

    Cunha é exemplo da ganância que extrapolou, diz deputada

    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    20/11/2015 21h05

    Alçada a símbolo da primeira rebelião no Congresso enfrentada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), 48, diz que o presidente da Câmara é o "típico exemplo de ganância que extrapolou".

    Na quinta (19), a deputada, que é tetraplégica, fez um duro pronunciamento dizendo que Cunha tratava os pares como "imbecis" e desconsiderava o esforço pessoal de cada um, inclusive o dela, para estar no plenário e participar das votações. "Levanta dessa cadeira", pediu a Cunha.

    O apelo foi comparado por colegas ao simbólico discurso de Fernando Gabeira (PV-RJ) que, há dez anos, também pediu em plenário a saída de Severino Cavalcanti (PP-PE) do comando da Câmara. A fala desencadeou um processo de desgaste que resultou na renúncia do então presidente.

    *

    Folha - O discurso da sra. tem sido visto como um marco da rebelião contra Cunha...
    Mara Gabrilli - Eu concordo. Tenho visto a repercussão. É um "turning point" [ponto de virada]. Estamos vendo reações de diversos setores.

    A sra. tinha uma boa relação com ele e, em alguns momentos de sua fala, pareceu emocionada. Ficou?
    Confesso que saí de lá arrasada. Fiquei muito decepcionada com o Eduardo Cunha. Independentemente de qualquer passado que a gente pudesse ouvir falar, eu vinha observando o trabalho dele. Quando começou a se movimentar, a articular para se salvar, fiquei muito triste.

    Sua avaliação pessoal sobre ele mudou?
    Acho que ele é um cara cheio de potencial que se melou. Temos um conceito de felicidade muito deturpado no Brasil, que se reflete nos vários setores da sociedade: "É preciso ter, e não ser". Eduardo Cunha é o típico exemplo de ganância que extrapolou.

    A sra. defende que a oposição obstrua permanentemente as sessões da Câmara?
    É o mínimo que podemos fazer. Mas minha fala não foi de oposição, do PSDB. Muita gente se identificou. Precisamos de uma virada. Essa é uma situação que afeta diretamente o meu trabalho. Ser deputada federal, e o deputado federal ser visto como um lixo, compromete a todos.

    Cunha a procurou após o apelo?
    Não.

    Muitos dizem que foi a primeira vez que ele pareceu constrangido com uma crítica...
    Tenho certeza. Conheço ele. Quando há um deputado falando algo que não o interessa, a cara é de deboche. Ou ele simplesmente se vira. Ele não parou de me olhar por um segundo. Teve um momento, em que fechou os olhos e abaixou a cabeça.

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