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    Lava Jato

    Petistas se dizem perplexos com prisão de senador e falam em violação constitucional

    RANIER BRAGON
    MARIANA HAUBERT
    GUSTAVO URIBE
    CÁTIA SEABRA
    DE BRASÍLIA

    25/11/2015 12h40

    Deputados e senadores do PT demonstraram perplexidade na manhã desta quarta-feira (25) com a notícia de que o Supremo Tribunal Federal mandou prender o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).

    A prisão também deixou 'perplexo' o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, segundo seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

    Ainda atônito, o comando do PT avaliou que o governo da presidente Dilma Rousseff "lavou as mãos" quanto ao destino de seu líder no Senado. Para integrantes da cúpula do partido, um dos sintomas desse distanciamento é a falta de manifestação saída do palácio do Planalto.~

    Editoria de Arte/Folhapress
    O PLANO DE FUGA, SEGUNDO A ACUSAÇÃO Filho de Cerveró gravou conversa com senador
    O PLANO DE FUGA, SEGUNDO A ACUSAÇÃO Filho de Cerveró gravou conversa com senador

    Outro sinal é a busca de um sucessor para Delcídio. A cúpula petista estranhou ainda a decisão da bancada do PT no Senado, que delegou ao comando da Casa o ônus de se posicionar.

    Questionado sobre a decisão de não se manifestar sobre a situação de seu líder, integrantes da equipe de Dilma reafirmam que o "governo aguardará a apuração dos fatos. Durante o dia será decidido qual vice líder responderá interinamente pela liderança de governo".

    FLAGRANTE

    Embora o Supremo seja a instância máxima da Justiça brasileira, responsável justamente pela guarda das regras constitucionais, reservadamente alguns petistas falam em violação da Carta Magna, que só autoriza a prisão de congressista em flagrante cometimento de crime inafiançável.

    Tanto no Senado quanto na Câmara integrantes do partido, porém, afirmaram que é preciso ter uma ciência mais clara do que pesa contra o senador do PT.

    A decisão de prender o líder do governo partiu do ministro Teori Zvascki, relator da Lava Jato no Supremo, e foi referendada pela Segunda Turma da Corte. De acordo com o relator, houve crime continuado na tentativa de promover a fuga de um dos investigados e formação de quadrilha, o que não comporta fiança.

    Pela Constituição, cabe agora ao Senado, pela maioria do voto de seus integrantes, decidir se mantém ou não a prisão.

    "Na verdade, todos nós estamos impactados com esse fato. Naturalmente, vamos conversar agora para ter conhecimento de tudo o que aconteceu. Estamos sabendo tudo aqui pela imprensa. Vamos avaliar as informações oficiais", afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

    O senador afirmou que o fato não pode impedir a continuidade da atividade legislativa. É prevista a realização de sessão conjunta da Câmara e do Senado nesta quarta para votar projetos de interesse da área econômica.

    "É importante registrar também que não há, em nada que foi dito até agora, qualquer tipo de envolvimento ou participação do governo. Por mais preocupante que seja, ele não deve contaminar a atividade legislativa do Congresso brasileiro porque temos temas de importância e interesse do pais e temos que fazer com que eles continuem andando", acrescentou Costa.

    A Folha ainda não conseguiu contato com a defesa do senador.

    Nesta quarta, também foi preso temporariamente o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual.

    OUTRO LADO

    A defesa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirmou, em nota divulgada no fim da tarde desta quarta-feira (25), que "manifesta inconformismo" em relação à sua prisão e pede respeito à Constituição, por impedir, à exceção de flagrante, a prisão de parlamentar.

    O Supremo Tribunal Federal, porém, entendeu que Delcídio estava cometendo um crime em flagrante, de obstruir investigações em andamento sobre organização criminosa, e por isso autorizou sua prisão preventiva.

    A nota, assinada pelo advogado Maurício Silva Leite, desqualifica ainda o ex-diretor Nestor Cerveró, chamando-o de "delator já condenado".

    Para o advogado, o entendimento inicial da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal "será revisto".

    A prisão também deixou 'perplexo' o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, segundo seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

    Em nota, o BTG diz que vai colaborar com as autoridades para esclarecer os fatos investigados.

    Deputados e senadores do PT demonstraram perplexidade com a notícia de que o Supremo Tribunal Federal mandou prender o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).

    Colaborou Mônica Bergamo

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