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    Lava Jato

    Temendo ser alvo de Delcídio, governo evita atacar senador preso na Lava Jato

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    26/11/2015 09h21

    Aconselhada por seu núcleo político mais próximo, a presidente Dilma Rousseff decidiu que o governo não deve atacar nem isolar completamente o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso nesta quarta-feira (25) na Operação Lava Jato por tentar obstruir as investigações.

    Segundo a Folha apurou, o governo teme que Delcídio use, nas palavras de um ministro, "até mesmo de mentiras" para atacar diretamente o Palácio do Planalto e, por isso, a ordem é ter cautela.

    Auxiliares de Dilma foram avisados na noite de terça-feira (24) sobre a prisão do senador. Ao tomar conhecimento dos fatos, a presidente demonstrou preocupação com o efeito que isso teria sobre votações importantes no Congresso e sobre sua imagem e a de seu governo.

    Delcídio era um dos principais articuladores do governo no Legislativo, com trânsito entre parlamentares da base aliada e da oposição, e participava da maior parte das reuniões de coordenação política do Planalto, realizadas às segundas-feiras e comandadas pela presidente.

    Horas após a prisão do senador, Dilma reuniu em seu gabinete no Palácio do Planalto os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) para fazer uma avaliação do cenário.

    Após examinar o conteúdo das falas de Delcídio, gravadas em um áudio entregue à Procuradoria-Geral da República, Dilma ordenou que, oficialmente, o governo dissesse que foi "surpreendido" pelos fatos e defendesse "a autonomia das investigações".

    CONTA PRÓPRIA

    Auxiliares da presidente ressaltaram que o conteúdo das falas do senador deixava claro que o senador "agia por conta própria" e não "a mando do governo federal".

    As conversas de Delcídio foram gravadas e entregues à PGR por Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, também preso na Operação Lava Jato.

    Segundo interpretação dos investigadores, Delcídio queria impedir a delação premiada de Cerveró, fechada pelo ex-executivo da estatal em troca de redução de pena.

    Nas conversas, o senador cita, entre outros nomes, Dilma e o ministro da Justiça, em contextos diferentes que, segundo Cardozo, não condizem com a verdade.

    SUBSTITUTO

    Preocupada com o andamento de votações no Congresso, como a que estava marcada para esta quarta sobre a alteração da meta fiscal, Dilma escalou Berzoini para iniciar as negociações que resultariam na substituição de Delcídio na liderança do governo no Senado.

    No fim da tarde, porém, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nota para informar que o novo líder do governo na Casa será escolhido somente na próxima semana.

    Até lá, respondem interinamente pelo cargo os vice-líderes Telmário Mota (PDT-RR), Wellington Fagundes (PR-MT), Paulo Rocha (PT-PA) e Hélio José (PSD-DF).

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