• Poder

    Tuesday, 30-Apr-2024 08:45:55 -03

    Lava Jato

    Dinheiro apreendido na Suíça 'era da Alstom?', perguntou Delcídio

    AGUIRRE TALENTO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    26/11/2015 20h06

    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) perguntou ao filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo, e ao seu advogado, Edson Ribeiro, se o dinheiro do ex-diretor apreendido em uma conta da Suíça seria "da Alstom".

    O diálogo consta em reunião gravada por Bernardo Cerveró no último dia 4. A gravação provocou nesta quarta-feira (25) as prisões de Delcídio, do seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, do banqueiro André Esteves e uma ordem de prisão para o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, que está no exterior. A Procuradoria Geral da República aponta que Delcídio atuava para evitar a delação premiada do ex-diretor, mediante oferecimento de mesada de R$ 50 mil.

    Edson Ribeiro explica que os procuradores pressionaram Cerveró a falar do assunto, dizendo saberem que ele fez um acordo com o Ministério Público da Suíça sobre esse dinheiro, pagando para não ser processado.

    "Todo dinheiro que tava lá na Suíça ficou pra Procuradoria da Suíça. Então ele foi processado e o assunto morreu aí", disse Edson. E Delcídio comentou: "E esse dinheiro era o dinheiro da Alstom? Ah foi por isso que ele fez o acordo? Entendi. Ele nunca me falou isso".

    O senador já havia sido acusado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada, de ter recebido propina da Alstom, mas a investigação foi arquivada pela Procuradoria Geral da República sob argumento da fragilidade das provas.

    Delcídio conta que teve acesso, por meio do banqueiro André Esteves, a anotações manuscritas sobre a minuta da delação de Cerveró e que em uma delas estava escrito "Alstom". O senador disse que isso lhe chamou atenção e sugere ter se assustado com essa informação.

    O advogado chegou a dizer que os procuradores lembraram esse caso da Suíça "jogando o verde" e que não poderiam usar um documento obtido lá, porque teria sido obtido "oficiosamente".

    A defesa de Delcídio disse, em nota ontem, que sua prisão desrespeita a Constituição e questionou a credibilidade do delator.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024