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    o impeachment

    Consultoria de empresa de filho de Lula se baseou na Wikipédia, diz PF

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    27/11/2015 22h56

    Reprodução/TV UOL
    Luis Claudio Lula da Silva (filho e Lula) Reproducao TV UOL ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Luis Cláudio, filho do ex-presidente Lula

    O relatório final da Polícia Federal no inquérito da Operação Zelotes que investigou os negócios de Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, concluiu que ele se baseou em "meras reproduções de conteúdo disponível" na internet, "em especial no site Wikipédia", para produzir trabalhos que, segundo ele alegou à PF, justificariam o recebimento de R$ 2,5 milhões da firma do lobista Mauro Marcondes Machado.

    Ao final dessa parte da investigação, entregue nesta semana ao Ministério Público Federal, a PF decidiu abrir um inquérito específico para aprofundar a apuração acerca dos pagamentos à empresa de Luis Cláudio, a LFT Marketing Esportivo. Além disso, a PF indiciou 19 pessoas, ou seja, apontou indícios suficientes para identificar a autoria de um crime –Luis Cláudio não está nessa leva de indiciados.

    O Ministério Público deverá apresentar denúncia sobre a mesma investigação até a próxima segunda-feira (30), que poderá ou não concordar com os indiciamentos e a decisão da PF de desmembrar o caso relativo ao filho de Lula.

    Além desse caso, a Zelotes mantém em andamento, ainda sem previsão de denúncia, outros 19 inquéritos policiais sobre irregularidades no Carf, o conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de multas aplicadas pela Receita Federal.

    Luis Cláudio entrou no radar da Zelotes após a quebra do sigilo bancário da microempresa do lobista, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa. Os registros mostraram pagamentos a partir de 2014 no total de R$ 2,5 milhões e na mesma época em que o lobista recebeu R$ 16 milhões de duas empresas interessadas em benefícios fiscais do governo federal.

    Com autorização da Justiça Federal, no final de outubro a PF fez busca e apreensão na sede da empresa de Luis Cláudio, em São Paulo.

    Chamado pelos investigadores a dar explicações sobre os pagamentos, Luis Cláudio afirmou que o dinheiro se justificaria pela prestação de serviços na área esportiva, com "foco, em grande parte, relacionado à Copa do Mundo Fifa 2014 e às Olimpíadas 2016", conforme seus advogados divulgaram na época. O filho de Lula entregou à PF um material que, segundo ele, detalhava e confirmava os serviços prestados.

    A PF recebeu as explicações com ceticismo. Segundo o relatório final, "uma primeira e rápida vista dos documentos" já indicou que "pareciam ser de rasa profundidade e complexidade, em total falta de sintonia com os milionários valores pagos".

    A PF então produziu um relatório de análise específico sobre o material apresentado, que concluiu ser baseado em conteúdo encontrado na internet. Para a PF, o trabalho da LFT não tem "qualquer lastro metodológico científico ou de pesquisa de campo", além de uma qualidade "extremamente duvidosa". A PF concluiu que não é "minimamente crível" que Mauro Marcondes tenha contratado Luis Cláudio "ao mero acaso", pois ele "nunca tinha realizado qualquer trabalho semelhante anteriormente".

    O inquérito apontou ainda que "não se sabia o custo da produção do estudo, tampouco a margem de lucro do trabalho". Os responsáveis pela contratação "não souberam falar com precisão sequer as datas em que os contratos foram assinados, o cronograma de pagamentos e as datas de entrega dos produtos contratados".

    OUTRO LADO

    Em nota divulgada na quinta-feira (26) a respeito de notícias sobre a conclusão do inquérito da Operação Zelotes, o advogado de Luis Cláudio da Silva, Cristiano Zanin Martins, reafirmou que seu cliente "prestou serviços na área de marketing esportivo para a Marcondes & Mautoni, através da LFT Marketing Esportivo, e que tais serviços foram comprovados".

    O advogado não foi localizado pela Folha a partir das 21h desta sexta-feira (27) para comentar a afirmação da PF de que seu cliente utilizou material da internet, assim como o advogado de Mauro Marcondes.

    Na nota, o advogado Martins afirmou que "foram entregues relatórios sobre cada um dos projetos elaborados, como documentou junto à Polícia Federal".

    "A LFT recebeu pagamentos da Marcondes & Mautoni entre junho de 2014 e março de 2015, à medida que os trabalhos contratados foram executados. Todos os valores foram declarados à Receita Federal e houve a emissão de notas fiscais, com os devidos impostos recolhidos. Esta relação comercial foi a única que a LFT e Luis Cláudio mantiveram com a Marcondes & Mautoni", afirmou o advogado na nota.

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