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    Lava Jato

    Delcídio pode ter interferido também na delação de Baiano, diz Janot

    AGUIRRE TALENTO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    30/11/2015 12h22

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou no pedido de prisão preventiva do assessor parlamentar Diogo Ferreira que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) pode ter também tentado interferir na delação premiada do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

    Isso porque a Polícia Federal encontrou, na busca e apreensão dos endereços de Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, documentos ainda sigilosos do termo de colaboração de Fernando Baiano.

    O senador e seu assessor foram presos na última quarta-feira (25) após serem flagrados negociando o pagamento de uma mesada de R$ 50 mil para o ex-diretor Nestor Cerveró, preso na Operação Lava Jato, não envolver o petista em sua delação premiada. Também discutiam estratégias de fazer lobby pela soltura de Cerveró no Supremo Tribunal Federal e até um plano de fuga.

    Janot escreveu no pedido de prisão preventiva que o fato de terem sido encontrados documentos ainda sob segredo de Justiça da delação de Fernando Baiano "é de altíssima gravidade".

    "Revela, ademais, a probabilidade que essa linha de ação não se tenha limitado a Nestor Cerveró, tendendo também a haver alcançado Fernando Antonio Falcão Soares", escreveu o procurador-geral da República.

    Também foram encontrados nos endereços de Diogo Ferreira anexos referentes à negociação do acordo de colaboração premiada de Cerveró.

    CONVERSA

    No áudio da reunião com Delcídio gravado pelo filho de Cerveró, Bernardo, e que fundamentou a prisão do senador, o advogado Edson Ribeiro, do ex-diretor, afirma que chegou a conversar com o advogado de Baiano, Sérgio Riera, sobre a delação dele.

    Edson Ribeiro afirma que encontrou Riera na praia e disse que estava dependendo da delação do Baiano para poder tratar a de Cerveró.

    "O que que tá lá? Ele disse 'ó, fica tranquilo, que ele realmente falou, mas ele coloca o Nestor para confirmar, se o Nestor não confirmar, ele não era funcionário, ele não deu dinheiro, então... Se não tem a confirmação, não tem nada. Foi o que ele me disse, eu não li nada dele lá".

    O advogado de Cerveró, porém, reclama que Riera não lhe deu acesso aos documentos. "Eu não tenho. Ele tá nos enrolando, porra! Há muito tempo".

    Delcídio também chega a falar: "Nós conseguimos a [delação] do Fernando, nós conseguimos aquilo que dizia respeito a mim".

    OUTRO LADO

    A Folha não obteve contato com Sérgio Riera até a publicação desta reportagem. Já a defesa de Diogo Ferreira disse que só poderia se pronunciar mais tarde.

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