• Poder

    Tuesday, 07-May-2024 08:52:53 -03

    Lava Jato

    Suplente de Delcídio é ligado a pecuarista preso na Lava Jato

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    01/12/2015 12h37

    Divulgação
    Pedro Chaves dos Santos FilhoO economista e professor Pedro Chaves dos Santos Filho, filiado ao Partido Social Cristão – PSC, é candidato a primeiro suplente do senador Delcídio do Amaral. http://www.delcidio.com.br/v1/suplentes/
    O economista e professor Pedro Chaves dos Santos, suplente do senador Delcídio do Amaral

    Iniciante tardio na política, o empresário da educação, Pedro Chaves dos Santos, filiado ao PSC de Mato Grosso do Sul, pode assumir, aos 74 anos, uma cadeira no Senado caso o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso desde a última quarta-feira (25) pela Operação Lava Jato, não possa retornar às suas atividades parlamentares.

    Integrante da elite sul-mato-grossense, Chaves tem uma relação familiar com outro personagem investigado por corrupção no âmbito da Petrobras. Sua filha, Neca Chaves Bumlai, é casada com Fernando Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, preso desde a última terça-feira (24).

    O empresário é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi preso por supostamente participar de um esquema de corrupção e fraude para pagar dívidas da campanha da reeleição do petista. A família Bumlai pertence também ao círculo mais próximo de amigos de Delcídio.

    A relação familiar lançou suspeitas sobre o suplente. Senadores tanto da oposição quanto da base aliada disseram ter receios de que uma pessoa com ligações tão próximas a Bumlai possa assumir uma cadeira no Senado.

    Uma possível nomeação de Chaves, no entanto, ainda deve demorar. Isso porque, de acordo com o Regimento Interno da Casa, o suplente de um senador só pode assumir o cargo em caso de morte do titular, renúncia ou cassação do seu mandato ou quando o senador tirar uma licença superior a 120 dias.

    Por ter sido preso, Delcídio foi colocado em uma licença especial automática e sem prazo definido. Ele foi o primeiro senador desde a redemocratização a ser preso no exercício do mandato. Mesmo nesta condição, ele continuará a receber um salário de R$ 33,4 mil, pelos próximos quatro meses no mínimo.

    Chaves poderia assumir o mandato após este período. Outra hipótese para que o professor, como Chaves é conhecido em sua região, assuma o cargo é no caso de o Senado cassar o mandato de Delcídio ou de ele próprio apresentar um pedido de renúncia.

    Oriundo de uma família de educadores, Chaves começou a ascender na carreira ao assumir a direção da escola Mace, uma das instituições de educação mais tradicionais do Mato Grosso do Sul, em 1971. Anos depois, ele criou o CESUP, que posteriormente foi transformado na Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, a Uniderp. As duas instituições foram vendidas em 2007 para o Grupo Anhanguera.

    O empresário só entrou de vez no mundo político em 2010, quando aceitou compor a chapa de Delcídio para concorrer a uma vaga no Senado. Na época, ele deixou a presidência da junta interventora que administrava a Santa Casa de Campo Grande.

    Na época, Chaves declarou um patrimônio de R$ 69,3 milhões, valor não corrigido pela inflação. Entre seus bens, constavam majoritariamente terras, imóveis, sendo três apartamentos no Rio de Janeiro, dois aviões Cessna, uma quota de R$ 962 mil da Mace, além de aplicações bancárias, sendo uma de R$ 30,6 milhões em um único investimento no banco Santander, todos em valores não corrigidos.

    De acordo com informações publicadas no site oficial de Delcídio, Chaves aceitou o convite para integrar a chapa do senador petista por ter "uma enorme identificação" com ele. "Nunca pensei em entrar para a política mas o convite me deixou sensibilizado a participar, especialmente porque sei que, juntos, poderemos tocar grandes projetos na área de educação e formação de mão de obra, para que o nosso Estado continue crescendo e se desenvolvendo", disse em 2010.

    Em 2014, o empresário atuou como coordenador-geral da campanha de Delcídio ao governo do Estado mas o petista acabou perdendo o pleito para o tucano Reinaldo Azambuja.

    Após a derrota, ele chegou a assumir a articulação política da prefeitura de Campo Grande, comandada por Alcides Bernal (PP). De acordo com jornais da região, a indicação foi feita por Delcídio, o que o senador negou publicamente.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024