Cunha anuncia que aceitará abertura do processo de impeachment
Cunha anuncia que aceitará abertura do processo de impeachment
VALDO CRUZ
MARINA DIAS
DE BRASÍLIA
Cunha anuncia que aceitará abertura do processo de impeachment
Cunha anuncia que aceitará abertura do processo de impeachment
Em uma primeira avaliação com seus assessores, a presidente Dilma Rousseff desabafou que, ao menos, acabou-se a indefinição que estava "imobilizando" o governo e que o Planalto deve traçar uma estratégia para derrotar o pedido de impeachment contra a petista aceito nesta quarta-feira (2) pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Depois de um dia de tensão, assessores comentavam no Palácio do Planalto: "Foi melhor assim". Interlocutores da presidente confidenciavam, inclusive, que se o governo não conseguir 171 votos para derrubar o pedido de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados "é melhor mesmo ir para casa".
Logo depois de tomarem conhecimento da decisão de Eduardo Cunha, assessores presidenciais a classificaram de "vingança" depois que os três deputados petistas decidiram votar contra o peemedebista no Conselho de Ética, que analisa parecer pela cassação do mandato do presidente da Câmara.
Cunha anincia seguimento a impeachmento no Twitter
Além de se preparar para enfrentar a votação contra o pedido de impeachment na Câmara o governo avalia ainda ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão de Cunha, alegando vingança do deputado e que não há crime de responsabilidade a ser imputado à presidente Dilma Rousseff.
Aliados de Dilma, porém, temem que o plenário da Corte decida que não cabe aos ministros do STF um parecer sobre o tema ou mesmo que há, sim, crime de responsabilidade da presidente.
Quem defende essa tese acredita que é melhor costurar a fragilizada base aliada no Congresso para conseguir os 171 votos necessários no plenário para impedir o afastamento.
Prazos | Tramitação |
---|---|
Nesta quinta (3) | Pedido de impeachment é lido no plenário |
Em até 24 horas | Partidos indicam integrantes da comissão especial, que terá entre 17 e 66 membros |
Em até 48 horas | Comissão decide quem será relator e quem será presidente |
Em até 10 sessões | Dilma apresenta sua defesa |
Em até 5 sessões | Comissão elabora parecer pela abertura ou pelo arquivamento do pedido de impeachment |
Em até 48 horas | Parecer da comissão vai ao plenário da Câmara |
Segundo a Folha apurou, antes de divulgar oficialmente sua decisão, Eduardo Cunha telefonou para o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) para comunicá-lo que estava aceitando a tramitação do pedido de impeachment contra Dilma. Até as 19h30, Temer ainda não havia conversado com a petista sobre o assunto.
No início da noite, a equipe de Dilma decidiu que a presidente deveria fazer um pronunciamento sobre o episódio, previsto para o início da noite desta quarta.
O temor do governo, neste momento, é com os efeitos imediatos da decisão de Cunha sobre a economia e o mercado financeiro. A expectativa é de forte alta do dólar nesta quinta-feira (03) e de queda das Bolsas de Valores.
Isto, na avaliação da equipe econômica, será muito ruim num momento de forte retração da economia, o que pode piorar ainda mais a situação do governo, aprofundando a recessão também no próximo ano.
Desde o início da semana o governo estava dividido em relação às ameaças de Eduardo Cunha. Uma ala buscou convencer os deputados petistas do Conselho de Ética a salvar o presidente da Câmara sob o argumento que o desgaste político compensava evitar a abertura do processo de impeachment, que teria efeitos danosos na economia difíceis de se prever.
Outra ala, ligada ao ex-presidente Lula, avaliava o contrário. Que o governo não podia ficar refém de Eduardo Cunha e defendia o enfrentamento do processo. Este é o grupo que considera que, se o governo não tem votos para evitar o impeachment na Câmara, é melhor ir para casa.
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