Logo depois de sair da última reunião do dia com a presidente Dilma Rousseff, o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) disse à Folha que "a batalha agora será no campo aberto" e não mais "no mundo da chantagem".

Segundo ele, a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), faz cair a "máscara" do peemedebista, que, em sua opinião, tentava transmitir um tom institucional a seu ato que nunca existiu.

"Não acreditamos que um pedido de impeachment aceito por ele tenha credibilidade. Vamos entrar com ações no Supremo Tribunal Federal para derrubá-la", afirmou o ministro.

Jaques Wagner destacou que o próprio peemedebista já deu argumentos ao governo para contestar sua decisão. "Ele diz que não há base jurídica para o impeachment tendo como justificativa atos praticados em 2014 porque eles ainda não foram analisados pelo Congresso. Então como ele pode dar seguimento a um pedido com base em atos de 2015, que ainda nem terminou?", questionou.

O chefe da Casa Civil acredita que o governo terá votos para derrubar o pedido aceito por Eduardo Cunha. "Vencemos a batalha da mudança da meta fiscal, que ele, Cunha, tentou atrapalhar ao anunciar sua decisão durante a votação. Demos uma demonstração de força e vencemos, com a ajuda da nossa base aliada. Então, acreditamos que teremos os votos para derrotar esta manobra política", afirmou Jaques Wagner.

Na noite desta quarta-feira, durante reunião com a presidente Dilma, em que ela deu o tom de "guerra" ao embate com Eduardo Cunha, Jaques Wagner conversou por telefone com o ex-presidente Lula para discutir uma estratégia para defender politicamente a petista.

"Ela é uma mulher honesta, correta, decente. Não há nada contra ela que possa levar a seu afastamento. Por sinal, já vimos algumas declarações de ministros do Supremo criticando a decisão dele", destacou o ministro Jaques Wagner.