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    o impeachment

    Líder do PT compara crise atual às que levaram a suicídio de Getúlio e golpe

    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    04/12/2015 14h48

    O líder do PT na Câmara, o deputado Sibá Machado (AC), comparou o momento atual por que passa a presidente Dilma Rousseff às crises que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e ao golpe militar, dez anos depois.

    "O que está sendo colocado é o pior da história política do Brasil. Aconteceu com Getúlio, com o João Goulart [em 1964, deposto pelos militares] e querem repetir com Dilma", disse, ao comentar a saída do ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) do governo.

    Padilha, peemedebista aliado do vice-presidente Michel Temer, é o primeiro ministro a deixar o Planalto após a abertura de impeachment contra Dilma.

    Sibá procurou minimizar a saída de Padilha, afirmando que trata-se de uma decisão pessoal. "Temos uma aliança com o PMDB. Não há decisão do partido", afirmou.

    A ala pró-impeachment do PMDB –e que é ligada a Temer–, no entanto, agora trabalha para convencer o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a também deixar o governo.

    Na avaliação dessa ala da legenda, a saída de Henrique Alves seria um movimento coerente com a ligação pessoal que o ministro e o vice-presidente têm há anos.

    O presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza, afirmou que a saída de Padilha "não é um bom sinal" para o governo Dilma.

    Na avaliação de petistas, Padilha sai para articular em favor do impeachment para que o vice assuma o cargo. Seu papel seria negociar com partidos cargos num eventual governo de Temer.

    O assunto caiu como uma bomba, nesta sexta, numa reunião da maior corrente política do PT: a CNB. Durante a reunião foram feitos informes com notícias discrepantes. Houve quem dissesse que a saída de Padilha não está confirmada.

    "Não é um bom sinal. Mas é o que temos para o almoço", disse Emidio, ao deixar a reunião.

    Impeachment

    DISTANTE

    O vice-presidente tem se mantido longe da articulação da defesa do governo, e o Planalto tenta constranger Temer a se solidarizar com Dilma publicamente.

    A estratégia ficou evidente nesta quinta-feira (3), quando aliados de Dilma e de Temer deram versões conflitantes sobre o primeiro encontro de ambos após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar que daria prosseguimento a um pedido de afastamento da petista.

    Enquanto auxiliares da presidente se anteciparam a divulgar que o peemedebista "assumiu o compromisso" de estar junto com Dilma "na defesa da legalidade e da estabilidade institucional do país", aliados do vice diziam que ele se limitou a recomendar à presidente uma "postura institucional", evitando o conflito com Cunha para "não aprofundar a crise já posta".

    Até mesmo a duração do encontro foi motivo de divergência.

    O Palácio do Planalto divulgou que a reunião durou toda a manhã, enquanto pessoas próximas a Temer diziam que os dois estiveram juntos por apenas 30 minutos.

    O ministro Jaques Wagner (Casa Civil), porém, negou que Temer tenha sugerido a Dilma não entrar em conflito público com Cunha. "Eu estava presente na conversa inteira e não vi essa citação do vice-presidente".

    Wagner aproveitou para dizer que Temer tem "uma longa trajetória de ser democrata e constitucionalista". O PT e a própria presidente Dilma têm chamado de "golpe" a instauração do pedido de afastamento.

    "Assim como nós, Temer não vê nenhum lastro para esse processo de impeachment", completou o ministro.

    A tentativa de aproximar Temer é chancelada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, diante do afastamento do vice das articulações políticas do governo, defendeu junto a Dilma que ele tivesse mais importância no governo.

    Lula chegou incentivar que Temer ocupasse o Ministério da Justiça no lugar de José Eduardo Cardozo.

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