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    Painel

    Há dias sob ataque, Temer se coloca como vítima de Dilma em carta

    POR NATUZA NERY

    08/12/2015 02h01

    Até aqui de mágoa Dilma Rousseff parece ter caído numa armadilha. Ao invés de seguir brigando com Eduardo Cunha, um oponente até aqui fácil de golpear, a petista acabou no ringue com Michel Temer. Em uma carta dramática à presidente da República, o peemedebista tenta se desvencilhar da veste de conspirador costurada pelo Planalto para usar o figurino de vítima. Aos olhos de aliados, cada detalhe de seu isolamento como "vice decorativo" é exposto no texto para preparar o terreno do divórcio.

    Jogo de cartas Tão logo tomou conhecimento da carta do vice, Dilma se apressou em formular uma resposta.

    Guerra Fria Ministros apontam erro tático do Executivo, justamente no momento em que a oposição sentia o golpe da estratégia palaciana de rivalizar com Cunha. Precisamos de um herói do impeachment, não de um vilão do impeachment, admitiu um parlamentar do DEM.

    Day after As manobras protelatórias da oposição para evitar que o Planalto vencesse a primeira batalha do impeachment na Câmara e assegurasse maioria na comissão especial mostraram que o governo exibiu algum grau de resistência ao longo da segunda-feira.

    Não digeriu Na reunião com juristas, a petista disse que não existe unificação do país fora da legalidade. A fala foi vista como indireta a Temer, que já falou na necessidade de reunificar o Brasil.

    Caneta Entre 2014 e 2015, como presidente interino, Temer de fato assinou alguns dos decretos das chamadas pedaladas fiscais, conforme apontou o ex-ministro Ciro Gomes. O vice, porém, não definia a política econômica, argumenta sua equipe.

    Ela sim, eu não Temer vê dedo do Planalto na munição usada por Ciro, que promete apresentar um pedido de impeachment caso o vice assuma. O governo, porém, nega ter alimentado o ex-ministro.

    Pressão Grupos pró-impeachment estão patrocinando nas redes sociais posts que aparecem de nove a 11 vezes na timeline de uma pessoa, convocando para a manifestação do dia 13, conforme empresas de monitoramento.

    Termômetro Segundo as avaliações, apesar do forte assédio sobre internautas, a adesão está menor do que a de manifestações anteriores.

    Perigo Os dados da rede mostram, ainda, forte mobilização para desgastar parlamentares favoráveis a Dilma. Relatórios indicam uso de robôs lotando caixas de e-mails de deputados e atacando seus perfis oficiais.

    Troca Chamados ao Planalto para sinalizar apoio ao mandato de Dilma, movimentos sociais tentarão usar a crise para barganhar com o governo pautas de seu interesse, como a retirada da urgência da lei antiterrorismo.

    Cabo-de-guerra Os grupos vão dizer que é difícil convencer as bases a ir às ruas sem acenos do governo.

    Irmão camarada Dias atrás, o deputado peemedebista Lúcio Vieira Lima disse a interlocutores: "Geddel é o melhor irmão do mundo. Ele não quer derrubar a Dilma para fazer Michel presidente. Quer tirá-la de lá para me fazer líder na Câmara".

    Créditos O governo paulista quer manter no cargo o chefe de gabinete da Secretaria da Educação, Fernando Padula Novaes, independentemente de quem assuma a pasta. A avaliação é que foi ele quem "segurou o rojão" da reorganização escolar.

    Nas urnas O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, enviará à Câmara municipal na quinta-feira projeto de lei que estabelece eleições diretas para a escolha dos subprefeitos da capital.

    Dois em um Haddad tem defendido que as eleições dos subprefeitos aconteçam no mesmo dia do pleito municipal do ano que vem.

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    TIROTEIO

    Há uma apreensão com a fragilidade jurídica do pedido de impeachment. Se o processo for aberto, será criada uma ferida institucional.

    DO ADVOGADO PEDRO SERRANO, um dos juristas contrários ao impeachment que participaram da reunião no Planalto com a presidente Dilma Rousseff.

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    CONTRAPONTO

    Comigo não morreu

    Na última sexta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, ligou para o vice-presidente Michel Temer para avaliar o noticiário sobre a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

    Àquela altura, o vice já havia desmentido versão atribuída ao Palácio do Planalto de que, em reunião com a presidente, ele teria feito a avaliação de que não haveria lastro para a deposição.

    -É muito ruim quando se vaza uma conversa de presidente e vice-presidente -disse Temer a Wagner.

    -Pior ainda quando se vaza um diálogo que não ocorreu -rebateu o chefe da Casa Civil.

    com PAULO GAMA e THAIS ARBEX

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