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    o impeachment

    Temer vira centro das atenções em jantar de final de ano de senadores

    MARIANA HAUBERT
    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    10/12/2015 12h14

    Pedro Ladeira - 9.dez.15/Folhapress
    O vice-presidente Michel Temer
    O vice-presidente Michel Temer

    Em meio à crise instalada com a deflagração do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer foi o centro das atenções no jantar de confraternização de fim de ano dos senadores, realizado na noite desta quarta-feira (9) na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), em Brasília.

    O tradicional encontro foi concorrido e contou com a presença, além de Temer, de quase todos os 81 senadores e de ministros do PMDB, como Kátia Abreu (Agricultura), e os ex-ministros peemedebistas Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos ligados ao vice-presidente.

    O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, também compareceu.

    De acordo com parlamentares, Temer circulou muito à vontade entre os convidados, tanto da oposição quanto do governo, tendo sido chamado de "presidente" por quase todos. O cumprimento não é estranho para o vice, já que, normalmente, ele é assim chamado pelo cargo que ocupa e por comandar o PMDB. Mas senadores avaliaram que o tom dos cumprimentos superou o habitual.

    "Nesse cenário, essa coisa de presidente se confunde. Alguns devem ter chamado de presidente de olho no futuro já", contou à Folha um senador do PMDB.

    Outros senadores contaram que até parlamentares de outras siglas chamaram Temer de "meu presidente". De acordo com os relatos, o vice chegou ao jantar por volta das 22h e ficou até cerca de 2h. Esta não foi a primeira vez que Temer participou do jantar. Em todos os anos, ele é convidado por Eunício.

    CARTA

    Segundo os senadores, Temer não foi questionado diretamente sobre a carta que enviou na segunda-feira (7) para a presidente Dilma Rousseff com reclamações sobre a relação entre os dois. O episódio causou uma imensa rusga no Planalto e reverberou no Congresso. Parlamentares avaliaram que, com a carta, Temer explicitava um rompimento com o governo Dilma.

    Apesar de evitarem tocar no assunto diretamente com o vice, senadores afirmaram que, em rodas menores, Temer demonstrou um descontentamento com o vazamento do texto, fato que atribui aos assessores diretos de Dilma, e afirmaram que sua reação sinaliza uma certa mágoa.

    A carta foi, no entanto, o tema central de muitas conversas. Na mesa em que estava o senador Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, o assunto dominou o bate-papo por horas.

    Senadores de partidos da base que estavam com o tucano avaliaram que o vice-presidente demorou para externar seu descontentamento com Dilma e que a carta provocou uma debandada no apoio que o Planalto ainda poderia ter no Senado no processo de impedimento da presidente.

    Nos últimos dias, o peemedebista tem atuado a favor do processo de impeachment da presidente. Como mostrou o Painel nesta quinta (10), a deposição do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), nesta quarta, foi articulada pelo Palácio do Jaburu, que fechou o cerca sobre a ala da bancada contrária ao impeachment.

    O Senado ainda é tido pelo governo como o seu lastro principal para barrar o avanço do processo de impeachment caso ele seja de fato aprovado pela Câmara e a presidente Dilma Rousseff acabe sendo afastada do seu cargo.

    IMPEACHMENT

    De acordo com os presentes, o início da festa teve um tom ameno, de uma confraternização, mas conforme a noite ia se adentrando, o assunto principal acabou sendo a crise política e o impeachment. Para alguns, havia um clima de expectativa no ar porque o cenário, segundo eles, está imprevisível.

    Nas conversas, um dos pontos levantados pelos senadores foi se o STF (Supremo Tribunal Federal) poderá sair em recesso sem decidir sobre a instalação da comissão de impeachment na Câmara.

    Avaliam que, se o Congresso é cobrado a analisar o caso, inclusive com a pressão para que não se tenha o recesso parlamentar, o Supremo não poderia "se dar ao luxo" de ir para o recesso sem decidir.

    "No momento em que ele concedeu a liminar, o Supremo se tornou parte do processo", afirmou o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

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