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    o impeachment

    Carta é assunto superado e país precisa de 'governo de união', afirma Temer

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE PORTO ALEGRE

    10/12/2015 16h25 - Atualizado às 18h40

    Em uma palestra para políticos e empresários, o vice-presidente Michel Temer defendeu nesta quinta-feira (10) um "governo de união nacional" e disse que a carta escrita para a presidente Dilma Rousseff é um assunto "superado".

    Ele disse no evento, em Porto Alegre, que a conversa mantida com Dilma na noite da quarta-feira serviu para "acertar os ponteiros" e afirmou que a petista "compreendeu" as observações feitas no documento.

    "Tivemos uma relação muito cordial, como convém. Ela compreendeu as eventuais observações que fiz, como ressaltou [o ex-ministro Eliseu] Padilha, de natureza pessoal. Se [a carta] fosse um instrumento político, eu faria de outra maneira."

    Ele diz que usou a expressão latina Verba Volant Scripta Manent (em português, "as palavras voam, os escritos se mantêm") para reforçar a importância da carta.

    "Escrevi com o propósito que tem todo bom brasileiro. Digo de mim, de todos os brasileiros, digo da presidente. Ontem nos entendemos perfeitamente em relação aos destinos do país e acordamos que faríamos declarações de que tanto no plano pessoal quanto no plano institucional nós teríamos a relação mais profícua possível. Portanto, quando isso ocorre, acho que é em nome do país."

    Em frente ao hotel onde foi promovido o evento, um grupo de cerca de dez manifestantes protestou contra o impeachment. Eles tentaram atirar cartas em Temer, mas o veículo do vice entrou pelo estacionamento subterrâneo.

    Mais adiante, Temer falou da necessidade de restabelecer um clima de "otimismo" no país e a busca da "pacificação".

    Ele se referiu indiretamente à disputa entre governistas e oposição e pediu fim da "guerra quase fratricida".

    "Precisamos reunificar o país. Eu tenho trocado ideias com a presidente [Dilma] sobre isso: se nós quisermos fazer o país prosperar nesse momento de dificuldade, nós temos que chamar todos os setores sociais, todos os partidos políticos. Nós temos que fazer quase um governo de união nacional. E eu tenho dito isso à presidente, sugerido, que assim se faça."

    Em 20 minutos de palestra, Temer falou sobre as modificações que o país passou desde a Constituição de 1988 e elogiou projetos de vários presidentes, como Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma.

    Disse que Constituição determina "harmonia" entre os Poderes e que é preciso "tirar a ideia da autoridade pessoal" de ocupantes de cargos públicos. "Toda vez que há desarmonia entre Legislativo e Executivo, e isso ocorre com muita frequência, o que está havendo é uma inconstitucionalidade."

    INTERINO

    O ex-ministro peemedebista Eliseu Padilha, que deixou o governo nesta semana em um movimento interpretado como um sinal da ruptura com o PMDB, disse no evento, antes da fala de Temer, que a carta para Dilma foi boa por expor o lado pessoal do vice. "É uma pessoa simples, humilde, que quando é traída sente, que quando é magoada sente."

    Temer foi ao Rio Grande do Sul como presidente interino, já que Dilma Rousseff esteve na Argentina para a posse do presidente Maurício Macri.

    O evento foi promovido na capital gaúcha pela revista "Voto". Participaram lideranças políticas de vários partidos, com exceção do PT.

    Entre os presentes, estavam a ex-governadora tucana Yeda Crusius, secretários do governador José Ivo Sartori (PMDB) e deputados federais, como o peemedebista Osmar Terra, escolhido para compor a comissão da Câmara que vai analisar o impeachment.

    O empresário Jorge Gerdau Johannpetter compareceu à palestra e disse a jornalistas que o país precisa de uma solução rápida para suas "pendências políticas" porque a economia "está sofrendo demais".

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