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    Lava Jato

    Proximidade tornou agente confidente dos presos

    BELA MEGALE
    ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

    13/12/2015 02h00

    As funções exercidas pelo agente Newton Ishii na carceragem da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, fez com que ele se tornasse uma das pessoas mais próxima de muitos presos da Operação Lava Jato.

    Para alguns, ele se transformou em uma espécie de confidente ou até de "psicólogo", como definiram familiares e advogados ouvidos pela reportagem, apesar de reconhecerem certo exagero na comparação.

    Nesses quase dois anos em que cuida da custódia –local em que ficam as seis celas que abrigam os detentos–, Ishii ouviu de tudo um pouco. De piadas dos mais bem humorados, como o ex-petista André Vargas, que caçoava dos outros enquanto jogava cartas, a lágrimas desesperadas do dono da UTC Ricardo Pessoa.

    O doleiro Alberto Youssef é um dos réus que já falou a mais de uma pessoa "dever a vida" a Ishii.

    Conforme relatos obtidos pela Folha, o doleiro agradeceu ao próprio agente os cuidados que teve com ele quando foi internado por uma crise de hipertensão.

    O fato aconteceu em 2014, às vésperas da eleição presidencial. No hospital, ele confidenciou ao agente o medo de morrer e de deixar as três filhas desamparadas.

    O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, também desabafou com Ishii nos 11 meses em que esteve preso. Por mais de uma vez, segundo relatos, ele falou da falta que sentia dos dois filhos pequenos, chegando a chorar.

    Colegas da Polícia Federal dizem que o agente conduz os trabalhos para deixar o clima mais leve e evitar que os presos tenham complicações de saúde.

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