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    Lava Jato

    Defesa de Esteves pede soltura ao STF e diz que fala de Delcídio foi 'bravata'

    DAVID FRIEDLANDER
    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    16/12/2015 21h04

    Alessandro Shinoda/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 18-10-2012, 16:01: O banqueiro e presidente da BTG Pactural André Esteves, durante entrevista para a Folha de S. Paulo, na sede do BTG Pactua, em São Paulo (SP). (Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress, MERCADO) ORG XMIT: AGEN1210181933444562
    O banqueiro André Esteves, ex-presidente do banco BTG Pactual preso na Operação Lava Jato

    A defesa do banqueiro André Esteves, sócio do BTG Pactual, ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal) com um pedido de revogação de sua prisão com o argumento de que as menções ao seu nome feitas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-RS) eram "venda de fumaça", "irresponsável bravata" e que ele "está preso por ser rico".

    Delcídio e Esteves foram presos no dia 25 de novembro sob acusação de tentarem sabotar parte das investigações da Operação Lava Jato.

    Em gravações feitas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Delcídio diz que poderia pagar R$ 4 milhões e contribuições mensais de R$ 50 mil para que os nomes do senador e do banqueiro fossem citados na delação premiada do ex-dirigente da estatal. O montante, segundo Delcídio, seria pago pelo banqueiro. Esteves também é acusado de possuir cópia da delação de Cerveró, documento que é sigiloso.

    "André Esteves não possuía —e nunca possuiu— os anexos da colaboração premiada de Nestor Cerveró, que ensejaram sua prisão, e jamais participou de qualquer reunião", afirmam os advogados de Esteves, mencionando os encontros nos quais estavam presentes o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, Bernardo e o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. Edson e Diogo também foram presos sob acusação de obstruir a investigação.

    O nome do banqueiro, diz a defesa, foi usado pelo senador para dar credibilidade à oferta de dinheiro.

    A peça nega que Esteves tenha se reunido com o filho e o advogado de Cerveró e apresenta imagens da câmera do banco para comprovar isso. Também refuta que o banqueiro tenha enviado por celular uma cópia da delação de Cerveró a Bernardo.

    Assinam o pedido de revogação da prisão o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, Antônio Carlos de Almeida Castro e Sônia Ráo.

    O trio rebate todas as acusações feitas pela Procuradoria Geral da República contra o banqueiro. Segundo a defesa, Esteves não participou e nunca esteve na sede de uma empresa do grupo BTG, a qual foi acusada de pagar propina ao senador Fernando Collor (PTB-AL) para que uma rede de postos do banqueiro passasse a operar com a bandeira da BR Distribuidora. Collor também nega.

    Os advogados classificam de "conteúdo absolutamente mentiroso" um papel encontrado com o chefe de gabinete de Delcídio, segundo a qual o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria recebido R$ 45 milhões de Esteves para aprovar a medida provisória 608, que trata de créditos tributários de bancos que quebraram.

    Para a defesa, a medida não trouxe benefício ao BTG, já que o crédito tributário só poderia ser usado para compras de bancos feitas após 1 de janeiro de 2014. O BTG comprou a parte podre do Bamerindus em janeiro de 2013.

    Os advogados refutam também que Esteves tenha sido beneficiado pela compra de 50% da um braço da Petrobras na África, a Petro África, por US$ 1,525 bilhão. De acordo com a defesa, é falsa a versão divulgada pela imprensa de que 25% da Petro África valeria US$ 3,5 bilhões.

    Os advogados afirmam que esse negócio foi conduzido por Graça Foster, ex-presidente da Petrobras a quem a defesa de Esteves diz ter "reputação ilibada". Cerveró não estava mais na diretoria internacional quando o negócio foi fechado, em 2013, ainda segundo os advogados.

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