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    o impeachment

    Com tumulto e apoio do Planalto, Picciani volta à liderança do PMDB

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    17/12/2015 09h58 - Atualizado às 13h35

    Pedro Ladeira - 7.out.15/Folhapress
    O então líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), que tenta retomar o cargo
    O então líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), que tenta retomar o cargo

    Após uma tumultuada checagem de assinaturas, o deputado federal Leonardo Picciani (RJ) foi restituído nesta quinta-feira (17), com o apoio do Palácio do Planalto, à liderança do PMDB na Câmara.

    O peemedebista protocolou na secretaria-geral da Mesa Diretora da Casa abaixo-assinado com o apoio de 36 dos 69 integrantes da bancada do PMDB para retornar ao cargo.

    Em movimento articulado pelo vice-presidente Michel Temer, ele havia sido destituído na semana passada e substituído pelo deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG), apoiado pelo grupo do partido favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    Para oficializar o retorno de Picciani ao posto, a secretaria-geral teve de checar a autenticidade das assinaturas, o que foi feito sob clima de tensão e confusão.

    O órgão não queria reconhecer a autorização dos deputados Vitor Valim (CE), Jéssica Alves (AC) e Lindomar Garçon (RO), que haviam assinado o abaixo-assinado anterior que levou Quintão ao posto de líder.

    Para solucionar o problema, aliados de Picciani fizeram força-tarefa para convocar os três a comparecer pessoalmente à secretaria, imbróglio que durou quase duas horas.

    No período, além do corre-corre de assessores e aliados de Picciani, deputados governistas acusaram o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de atuar com Micher Temer para obstruir o processo.

    "Lamentamos o desserviço que Michel Temer está prestando ao país. O Eduardo Cunha está fazendo tabelinha com o vice-presidente para cometer todas as aberrações possíveis", criticou o vice-líder do governo, Silvio Costa (PTdoB-PE).

    O deputado federal Hildo Rocha (PMDB-RJ) chegou a ameaçar ingressar com medida judicial caso Picciani não fosse restituído. Com a situação resolvida, o peemedebista resumiu o episódio como um "entrave burocrático".

    Ele também não descartou disputar à reeleição da liderança da bancada do PMDB em eleição marcada para fevereiro.

    OFENSIVA

    Para voltar ao cargo, Picciani contou com uma força-tarefa do governo federal, que mobilizou ministros do partido. O esforço concentrado contou com as participações de Kátia Abreu (Agricultura), Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Helder Barbalho (Portos).

    Ao todo, Picciani conseguiu reverter o voto de sete deputados federais, que haviam participado do abaixo-assinado de Quintão. Segundo a Folha apurou, o Palácio do Planalto ameaçou cortar cargos e reverter acordos caso eles não apoiassem o retorno do parlamentar carioca ao cargo.

    De acordo com relatos de peemedebistas, Helder atuou pessoalmente para reverter os votos de Simone Morgado e Elcione Barbalho, ambas do Pará. Com Vitor Valim, o esforço foi capitaneado pelo líder do PMDB no Ceará, Eunício Oliveira (CE).

    CONTRA-OFENSIVA

    Em uma contraofensiva, aliados de Quintão, que permaneceu no posto por oito dias, já se mobilizam para apresentar uma nova lista nesta quinta-feira (17) que o reconduza ao posto.

    "Eu vejo isso como um equívoco. Nós demos um passo importante para acabar com esse procedimento que é ruim para o partido. Em fevereiro, teremos eleição diretas, e quem quiser poderá disputar para ser eleito no voto", disse Picciani.

    O peemedebista informou que falará ainda nesta quinta-feira (17) com Temer e disse que buscará o diálogo com ele, apesar dele ter atuado por sua retirada do posto de líder do partido.

    "O PMDB é um partido grande, no qual não cabem medidas cartoriais", afirmou.

    Nesta quarta-feira (16), a Executiva Nacional do PMDB, com o apoio do vice-presidente, publicou resolução para barrar filiações à sigla consideradas "oportunistas", as quais tinham como objetivo aumentar no partido o apoio à recondução de Picciani.

    A decisão foi criticada pelo presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-RJ), que tem travado um embate com Michel Temer.

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