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    o impeachment

    Renan Calheiros arma plano para tirar Michel Temer do comando do PMDB

    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    21/12/2015 12h00

    Pedro Ladeira - 10.mar.15/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (à esq.) e o vice-presidente da República, Michel Temer
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (à esq.) e o vice-presidente da República, Michel Temer

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), montou o mapa da guerra que promete travar em seu partido para tirar Michel Temer do comando nacional do PMDB.

    Aliados do peemedebista dizem que ele passou a arregimentar apoio entre dirigentes estaduais da sigla para tentar mitigar a influência interna do vice-presidente da República, que dirige o PMDB desde 2005.

    Renan, que dirige o partido em Alagoas, acredita que, como agora a direção da sigla no Rio de Janeiro se tornou aliada de Dilma Rousseff contra o poder de Temer na legenda, tem chances de derrubar o vice.

    A ofensiva do senador já teria hoje o apoio de dirigentes do partido em Estados como o Ceará, Paraná, Piauí, Amazonas e Pará, além do Rio.

    Se não houver uma composição, o embate entre os grupos de Temer e Renan se dará em março, quando o PMDB fará sua convenção nacional.

    Aliados do vice minimizam o peso da investida do senador e dizem que Renan trabalha para enfraquecer e tirar Temer do comando do PMDB há mais de uma década.

    Eles ressaltam que não é a primeira vez que o senador e o vice se estranham em praça pública e lembram episódios em que Renan "traiu" Temer. Citam, por exemplo, que em 2005 o senador apoiou a candidatura de Aldo Rebelo à Presidência da Câmara, em detrimento da postulação de Temer.

    O grupo do vice diz ainda que não planeja um contra-ataque à articulação de Renan pois, agora, é preciso dar "tempo ao tempo".

    Lembram que, hoje empoderado pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu ao Senado a palavra final no impeachment, Renan começou a última semana fragilizado, vendo aliados serem alvo da Polícia Federal num operação filhote da Lava Jato. Nesse raciocínio, asseguram que, "até março muita coisa vai acontecer".

    DILMA

    A investida contra Temer coincide com o momento em que Renan se aproxima da presidente Dilma Rousseff.

    Nos bastidores, ele defendeu que a petista deveria encampar uma agenda econômica desenvolvimentista e pareceu satisfeito com a nomeação de Nelson Barbosa para a Fazenda -antes, vinha criticando a agenda do ex-titular da pasta, Joaquim Levy.

    Mesmo os mais próximos, no entanto, ressaltam que o alinhamento de Renan a Dilma não pode ser visto como "irrevogável". Conhecido pelo pragmatismo, Renan não deve ficar abraçado à petista se sentir que o governo não reagirá e, principalmente, se o cerco contra ele e seus aliados se fechar na Lava Jato.

    O senador é citado em seis inquéritos ligados à Lava Jato. Um dos delatores do esquema na Petrobras, Nestor Cerveró, afirma, por exemplo, ter pago US$ 6 milhões em propina ao peemedebista.

    Na última semana, os sigilos fiscal e telefônico de Renan foram quebrados pelo ministro Teori Zavascki, relator da investigação no STF. A quebra foi autorizada para ajudar em investigações sobre as supostas ligações de Renan com um esquema de desvio de dinheiro na Transpetro.

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