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    Madeireiros atacam indígenas após conflito no Maranhão, afirma Funai

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    22/12/2015 19h12

    Um confronto que se estende há anos na região do Alto Turiaçu, noroeste do Maranhão, entre indígenas da etnia ka'apor e madeireiros que trabalham ilegalmente, ganhou mais um capítulo violento neste final de semana.

    No último domingo (20), de acordo com a Funai, indígenas atearam fogo a um caminhão e duas motocicletas de madeireiros que faziam extração ilegal de madeira na região, última fronteira a leste da floresta amazônica. Como retaliação, dois indígenas foram baleados e um espancado pelos madeireiros.

    O delegado da Polícia Federal Nelson Kneip afirmou que recebeu também relatos de que os índios teriam feito alguns não-indígenas de reféns. Policiais estão na região para investigar o caso. O Ministério Público Federal do Maranhão foi acionado.

    Segundo o antropólogo José Mendes, que acompanha os ka'apor, a prática de colocar fogo em veículos de madeireiros é comum para evitar que eles voltem a trabalhar.

    Os indígenas apreenderam sete pessoas para entregá-las ao Ibama, de acordo com a Funai, mas uma delas conseguiu fugir até o povoado de Nova Conquista, próximo ao município de Zé Doca, a 363 quilômetros de São Luís. Depois disso, 20 homens armados invadiram a terra indígena e dispararam contra o grupo, atingindo dois, segundo o órgão, que conseguiram fugir pela mata. Eles passam bem.

    Os homens seguiram para a aldeia Turizinho, onde, de acordo com a Funai, fizeram um índio de refém e espancaram-no. Há moradores desaparecidos, segundo o órgão.

    Os índios descobriram a extração de madeira quando faziam o controle dos focos de incêndio que atingem a região com maior intensidade desde agosto. Até o momento, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) identificou 29,2 mil pontos de queimadas no Maranhão em 2015, 13% a mais que em 2014. Só em dezembro foram 2.794 queimadas no Estado.

    No ano passado, um grupo criou um exército para coibir a atividade de madeireiros na mesma região. À época, os indígenas disseram que "não aguentavam mais" pedir ajuda, e que, por isso, resolveram agir por conta própria.

    No meio deste ano, os indígenas instalaram câmeras com sensores de movimento na mata, para flagrar possíveis invasores.

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