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    o impeachment

    Opositores acusam governo do RS de aproveitar feriado para aprovar pacote

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE PORTO ALEGRE

    28/12/2015 16h08

    José Carlos Daves/Futura Press/Folhapress
    PORTO ALEGRE,RS,28.12.2015:ASSEMBLEIA-ISOLAMENTO - Protesto de servidores na frente da Assembleia Legislativa em Porto Alegre (RS), nesta segunda-feira (28), devido à votação de projetos em sessão extraordinária enviados pelo governador José Ivo Sartori. O acesso ao prédio a partir da Rua Duque de Caxias está isolado, e agentes da EPTC e da Brigada Militar, incluindo a Cavalaria, monitoram a região. (Foto: José Carlos Daves/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Assembleia Legislativa em Porto Alegre é isolada para evitar protestos na votação

    O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), convocou a Assembleia nas vésperas do Ano Novo para tentar aprovar um pacote de medidas em resposta à crise financeira do Estado.

    A iniciativa despertou críticas de que ele estaria aproveitando o período de férias e a desmobilização da oposição e de sindicalistas para implementar suas propostas.

    A mais contundente delas partiu do presidente do Tribunal de Justiça, José Aquino Flôres, que, no feriado de Natal, divulgou nota afirmando que o governo Sartori não tem "projeto de crescimento econômico e social". A convocação dos deputados estaduais começou nesta segunda (28).

    Entre os projetos sob análise está a chamada "Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual", que só permite o aumento de despesas se houver comprovação de receita. Na prática, a proposta dificulta reajustes ao funcionalismo.

    Também há propostas para limitar a cessão de servidores para atuação em sindicatos e para extinguir uma fundação do Estado.

    A direção da Assembleia, comandada por Edson Brum (PMDB), decidiu cercar o prédio com grades para evitar a ação de manifestantes e limitar a entrada nas galerias do plenário. Dezenas de policiais militares estão posicionados em frente aos acessos.

    Ao longo de 2015, Sartori enfrentou uma série de protestos de servidores. Em uma votação para o aumento de impostos, em setembro, houve confronto entre PMs e manifestantes na Assembleia.

    'APAGAR DAS LUZES'

    A nota de Aquino Flôres diz que o governo Sartori convocou os deputados "ao apagar das luzes, sem diálogo" e "de maneira duvidosa" para apreciar projetos "polêmicos". "O expediente político do regime de urgência para votação de projetos estruturantes do Estado pode indicar um perigoso caminho porque viola regras da vida democrática", escreveu.

    O desembargador se mostrou contrariado com o fato de a base governista não ter articulado a aprovação de um projeto de reajustes de servidores do Judiciário.

    O deputado estadual Pedro Ruas (PSOL) diz que a convocação é "absurda" porque não havia consenso sobre a iniciativa nem foi debatida a relevância das matérias.

    "[O governo] aproveitou o período entre Natal e Ano Novo e convocou a Assembleia esperando desmobilizar os servidores", disse.

    Em 2015, Sartori atrasou o pagamento de salários do funcionalismo e da dívida com a União. Os servidores também não receberam o 13º salário.

    O líder do PMDB na Assembleia, deputado Álvaro Boessio, diz que a convocação extraordinária foi feita anteriormente em vários governos e que os projetos vêm sendo analisados há meses.

    Em resposta ao desembargador, o governo afirmou que a convocação foi legítima e democrática e que o Legislativo tem independência para tratar dos projetos encaminhados. Também disse que "mudanças geram contrariedades", mas que precisa "recuperar a sustentabilidade do serviço público".

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