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    o impeachment

    Presidente do PT faz críticas à política econômica de Dilma e pede ousadia

    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    28/12/2015 17h31

    O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nesta segunda-feira (28) uma mensagem de fim de ano em que cobra ousadia na condução da política econômica e ataca a perspectiva de alta da taxa de juros em janeiro.

    Intitulado "Uma nova e ousada política econômica para 2016", o texto diz que o governo da presidente Dilma Rousseff "precisa se concentrar na construção de uma pauta econômica que devolva à população a confiança perdida após a frustração de seus primeiros atos".

    A divulgação da mensagem causou irritação no Palácio do Planalto e contrariou a nova equipe econômica num momento em que o governo teme perda de credibilidade com a troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no comando da Fazenda.

    Assessores presidenciais disseram à Folha que a cobrança do petista não foi bem recebida por Dilma, que, desde a saída de Levy, se esforça para afastar a hipótese de o governo abandonar o ajuste fiscal.

    Na nota, no entanto, Falcão critica o ajuste e prega a adoção de medidas propostas pelas centrais sindicais e por movimentos sociais.

    "Chega de altas de juros e de cortes em investimentos", escreveu Falcão, citando CUT e MST, entre outras entidades, como fontes de propostas a serem implementadas.

    Sem citar a intenção do governo de encampar uma reforma da Previdência, Falcão defende a manutenção de direitos "duramente conquistados pelo povo".

    "Agora que o risco do impeachment arrefeceu, mas sem que as ameaças de direita tenham cessado, é hora de apresentar propostas capazes de retomar o crescimento econômico", diz.

    Falcão encerrou sua mensagem afirmando confiar que os ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Valdir Simão (Planejamento) "deem conta da tarefa, mudando com responsabilidade e ousadia a política econômica".

    Para colaboradores de Dilma, porém, o texto prejudica Barbosa. O novo ministro está carregado de reequilibrar as contas públicas, mas é visto com desconfiança pelo empresariado e pelo mercado.

    Uma nova alta de juros já em janeiro, segundo esses assessores, sinalizaria ao mercado que o Banco Central tem autonomia para ditar a política monetária.

    No Planalto, as ameaças de elevação dos juros, hoje em 14,25% ao ano, também não agradaram, mas a orientação foi evitar pressão sobre o BC para não desgastar a nova equipe. Já o PT afirma que é necessário fazer acenos à base social, que levou militantes às ruas contra o impeachment.

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