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    o impeachment

    Impeachment continuará só após STF esclarecer dúvidas, diz Cunha

    AGUIRRE TALENTO
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    29/12/2015 11h31

    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira (29), durante café da manhã com jornalistas, que só dará prosseguimento ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara depois que o Supremo Tribunal Federal esclarecer dúvidas que afirma terem restado sobre o trâmite.

    Cunha disse que já está preparando um recurso ao Supremo chamado de embargo de declaração, que serve para esclarecer dúvidas sobre o julgamento, e que deve ser protocolado em 1º de fevereiro, logo na volta dos trabalhos do Judiciário.

    Segundo ele, só depois disso é que será dado prosseguimento, imediatamente no dia seguinte. "Não há nenhum intuito de protelar", afirmou Cunha.

    "Vamos supor que o plenário aprove e a gente vai instalar a comissão especial. Quando instalar a comissão especial vai ser como? Vai ser eleição secreta ou aberta? Vai poder ter candidaturas [avulsas] ou não vai ter candidaturas? Então vai gerar um impasse no primeiro dia, é preferível que esclareça, porque eles não esclareceram esse rito todo", declarou Cunha.

    "A gente ainda não tem segurança total de como dar essa continuidade", resumiu.

    Em dezembro, Cunha aceitou um pedido de impeachment contra Dilma, que então começou a tramitar na Câmara.

    Nesta segunda (28), o Tesouro anunciou que pagará ainda neste ano a sua dívida com as pedaladas, no valor de R$ 57 bilhões.

    Cunha afirmou que o fato de o governo querer fazer esse pagamento mostra sua preocupação mas não invalida o processo do impeachment. Segundo ele, o processo se baseia na edição de decretos de liberação de mais verbas em 2015 sem o aval do Congresso.

    ELEIÇÕES

    Cunha afirmou que "quem ficar atrelado ao governo" nas eleições do próximo ano corre o risco de perder por causa disso.

    "Agora a disputa é quem vai ficar longe do governo. O governo não será um bom eleitor em 2016, não há dúvidas disso", declarou.

    Questionado sobre o desgaste em sua própria imagem também, Cunha diz considerar natural devido à exposição negativa que tem recebido na mídia, mas que isso não afetou seus eleitores.

    Pesquisa Datafolha divulgada no final de novembro diz que 81% da população era favorável à cassação do mandato de Cunha.

    "A avaliação, porque obviamente vocês me expondo na mídia de forma negativa continuamente, não teria como ser positiva. Só que não são os meus eleitores que estão me rejeitando. No caso da presidente é diferente porque são os eleitores dela que estão rejeitando", afirmou. Cunha foi reeleito com 232 mil votos no ano passado.

    Ele afirmou que sob seu primeiro ano de presidência, a Câmara atingiu recorde de votações e que pretende aumentar o número no próximo ano. Disse que é contra qualquer tentativa de reeleição ao cargo.

    Cunha também afirmou estar "convicto" de que não será afastado da presidência nem do seu mandato de deputado –a Procuradoria-Geral da República pediu seu afastamento sob argumento de que estava interferindo nas investigações da Operação Lava Jato. Cunha é acusado de receber propina da Petrobras.

    Cunha também voltou a afirmar que Janot estava poupando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    "Na ação cautelar minha que motivou a busca e apreensão tem um relatório das ligações do Léo Pinheiro [ex-presidente da OAS] com 632 páginas dizendo que são apenas 10% das chamadas dele feitas até agora. Dessas 632 páginas, tem 60 páginas que tratam do presidente do Senado e ninguém publicou uma linha. Então é preciso olhar com cautela que tá se selecionando sobre quem divulgar", declarou.

    Repercussão do pedido de Impeachment

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