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    Lava Jato

    Youssef nega propina a Randolfe e STF arquiva investigação contra senador

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    04/01/2016 14h20 - Atualizado às 16h19

    Pedro Ladeira - 26.nov.2014/Folhapress
    O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça
    O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki determinou o arquivamento da investigação contra o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) após o doleiro Alberto Youssef afirmar que não conhece o parlamentar.

    O senador foi acusado pelo delator na Lava Jato Carlos Alexandre de Souza Rocha, que atuava como transportador de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, de ter recebido propina.

    Teori seguiu entendimento da PGR (Procuradoria-Geral da República), que havia opinado pelo arquivamento, depois de uma contradição entre o depoimento dos delatores.

    Rocha disse aos investigadores da Operação Lava Jato que ouviu comentário do doleiro de que Randolfe recebeu R$ 200 mil de propina. PGR, porém, reinquiriu Youssef sobre o caso, e o doleiro negou ter tido esse diálogo.

    A decisão de Teori pelo arquivamento é de 9 de dezembro do ano passado, antes mesmo de terem sido tornados públicos os depoimentos de Ceará e antes do recesso do Judiciário.

    "Procurou-se obter esclarecimentos sobre a situação perante Alberto Youssef, que também celebrou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público. O doleiro, que teria efetuado o repasse de valores ilícitos ao parlamentar e haveria sido a fonte da informação fornecida por Carlos Alexandre de Souza Rocha, negou ambos os fatos", escreveu a PGR.

    Youssef declarou aos investigadores que nunca teve a conversa relatada e que nem conhece Randolfe.

    "Nunca entregou dinheiro a Randolfe Rodrigues; que nunca falou sobre a entrega de valores a Randolfe Rodrigues para Ceará ou para qualquer outra pessoa", diz trecho de seu depoimento, transcrito na decisão de Teori.

    "Os elementos indiciários colhidos até o momento não são suficientes para indicar de modo concreto e objetivo a materialidade e a autoria delitivas", escreveu o ministro Teori, em sua decisão.

    Quando foi divulgado o depoimento de Ceará, o senador Randolfe declarou que "alguns porcos querem levar todos para o chiqueiro deles, mas eu estou fora dessa lama".

    Ceará também citou pagamentos a outros políticos, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL), que negam terem recebido dinheiro. Não há informações se foram abertos inquéritos para investigar esses fatos.

    'DANO GRAVÍSSIMO'

    O senador Randolfe afirmou à Folha que, após a revelação do depoimento de Rocha no último dia 30, teve "o pior final de ano" de sua vida.

    "Ele [Rocha] me causou um dano gravíssimo", declarou o senador, que disse avaliar processar o delator pelas acusações que lhe fez e levantou a hipótese de a citação a seu nome ter sido "plantada".

    Randolfe, porém, não fez críticas à Operação Lava Jato. "Saio desse episódio com a convicção de apoiar mais ainda as investigações, mas que é necessário ter cuidado com as inverdades", disse. "Em vez de desqualificarem a operação, os citados deveriam se dedicar a provar sua inocência", afirmou.

    O senador interrompeu seu recesso nesta semana para ir a Brasília obter informações da investigação e se pronunciar à imprensa.

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