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    o impeachment

    Governo de Minas sinaliza novos atrasos de salários para servidores

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    06/01/2016 14h32 - Atualizado às 15h47

    José Marques/Folhapress
    Servidores protestam em frente ao Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte
    Servidores protestam em frente ao Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte

    Sob gritos de protesto de servidores, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), anunciou nesta quarta-feira (6) que até a próxima semana divulgará um cronograma de pagamento dos salários do funcionalismo público no Estado, mas sinalizou que deve haver novos atrasos na liberação dos rendimentos feitas até abril.

    Neste mês, o governo já admitiu atraso do depósito dos salários referentes a dezembro e informou que ainda não sabe como será quitada a folha do primeiro trimestre –em vez de pagar até a próxima sexta (8), será no dia 13. Minas é a terceira maior economia do país e prevê um deficit de quase R$ 10 bilhões para 2016.

    "Eu acho muito difícil que a gente consiga [pagar os salários até o quinto dia útil do mês], com a realidade que nós temos, com um deficit de R$ 10 bilhões para ser equacionado ao longo do ano", afirmou o governador referindo-se aos rendimentos de fevereiro e março. O anúncio foi feito no Palácio da Liberdade, antiga sede do governo, na região central de Belo Horizonte. Do lado de fora, sindicalistas faziam um buzinaço e criticavam a gestão em alto-falantes.

    O evento marcado para esta quarta não era para discutir a situação do funcionalismo –referia-se ao lançamento de um aplicativo para smartphones e tablets que une os serviços estaduais de saneamento, energia e trânsito.

    "Nós estamos fazendo todos os esforços e, ao longo das próximas semanas, vamos chamar as associações e sindicatos dos servidores para mostrar para eles um cronograma de pagamento de salários que dê segurança ao servidor", afirmou Pimentel.

    O cronograma, segundo o governador, deve apresentar atrasos em relação à forma que os salários vêm sendo pagos nos últimos anos, até o quinto dia útil do mês.

    Ainda assim, devem ser inicialmente apresentadas aos servidores apenas as datas de pagamentos dos salários de janeiro a março, de acordo com o secretário Helvécio Magalhães (Planejamento).

    Embora tenha recebido críticas dos movimentos sindicais por "falta de diálogo" sobre a crise no Estado, ele diz que não pretende discutir o cronograma com as entidades. "Tem um dado de realidade chamado caixa, tesouro. Isso não é passível de debate", afirmou o secretário. Magalhães reiterou que, até agora, a expectativa é que esses pagamentos sejam feitos integralmente, sem parcelamentos.

    O governo diz que, apesar do problema financeiro, os fornecedores do Estado não sofrerão atrasos de pagamentos.

    O atraso no pagamento de salários em Minas ocorre mesmo após as medidas para aumentar a arrecadação tomadas no ano passado.

    O governo Pimentel conseguiu a transferência da maior parte dos depósitos judiciais do Estado -de aproximadamente R$ 5 bilhões- para os cofres do governo. Também obteve na Assembleia o aumento de alíquotas de ICMS, que passam a valer este ano.

    Além de Minas, outros Estados também têm tido dificuldade para pagar os servidores. No ano passado, o Rio Grande do Sul atrasou o pagamento e chegou a parcelar os rendimentos, o que gerou greves e protestos. Como lá, Sergipe também não conseguiu quitar o 13º salário em 2015.

    PROTESTO

    Parte dos manifestantes que gritavam palavras de ordem ao lado do Palácio da Liberdade era formada por funcionários da Cemig (Companhia de Energia de Minas Gerais), em greve desde novembro.

    Eles chegaram por volta das 10h e carregavam bandeiras com frases como "Pimentel, deixe de manha e cumpra seus compromissos de campanha".

    Ao discursar, Pimentel disse que "respeita os sindicalistas", mas que "eles estão no endereço errado".

    "A Cemig é uma sociedade anônima com ações na bolsa de valores, portanto é uma empresa estatal com gestão privada. O governo do Estado não pode interferir na negociação da empresa com os servidores", afirmou.

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