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    o impeachment

    Auditores da Receita veem retaliação em corte de orçamento

    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    09/01/2016 02h00

    Depois dos delegados da Polícia Federal, os auditores da Receita saíram a campo contra o corte no orçamento do órgão e insinuam que a redução de R$ 680 milhões na verba deste ano, em relação à de 2015, poderia ter motivação política.

    Num texto publicado, nesta sexta (8), em seu site na internet, a filial brasiliense do Sindifisco (sindicato dos auditores da Receita) levanta dúvidas sobre "as reais motivações para a redução do orçamento".

    O texto diz que o trabalho dos auditores "tem incomodado bastante membros do atual governo e pessoas próximas ao ex-presidente Lula no âmbito das investigações da Operação Zelotes".

    A Zelotes, que apura suspeita de corrupção na tramitação de medidas provisórias do interesse de montadoras de veículos, investiga um dos filhos do ex-presidente Lula, o ex-ministro Gilberto Carvalho e Dyogo Oliveira, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, pasta à qual a Receita está subordinada.

    O texto lembra que o trabalho dos auditores "tem sido fundamental nas denúncias de grande número de parlamentares no âmbito da Operação Lava Jato". De acordo com a entidade sindical, há hoje 52 políticos sob investigação da Receita, por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).

    Procurados, o Ministério da Fazenda não deu retorno e a direção da Receita Federal afirmou que não iria se manifestar.

    "O governo já vinha reduzindo o orçamento da Receita, mas acho estranho que tenha aumentado a tesourada no órgão num momento destes", afirma Cláudio Damasceno, presidente do Sindifisco nacional. "A Receita e a PF, que também está sofrendo redução de verbas, dão suporte ao Ministério Público em investigações importantes".

    Para o presidente da delegacia do Sindifisco em Brasília, Waltoedson Dourado de Arruda, responsável pelo texto de protesto, o corte no orçamento "vai atrapalhar o combate à sonegação e à corrupção", num momento em que o governo mais precisa arrecadar e dar continuidade às investigações em andamento".

    Os dois sindicalistas afirmam que o trabalho da Receita esteve na origem das operações Lava Jato e Zelotes. Segundo dizem, há no momento 133 auditores fiscais na força tarefa da primeira e outros 25 na equipe da segunda.

    BRIGUENTOS

    Uma das categorias mais organizadas do funcionalismo público, os auditores fiscais estão sempre às turras com os comandantes da Receita –qualquer que seja o governo.

    Reclamam do sucateamento do órgão, brigam por mais independência para trabalhar e com frequência fazem denúncias sobre supostas interferências do Poder Executivo em seu trabalho.

    A briga da vez, como no caso da Polícia Federal, é por aumento de salários. Eles pedem 55% para os salários iniciais e 35% de reajuste para teto de remuneração da carreira, mas até agora não conseguiram chegar a um acordo com o governo.

    O presidente do Sindifisco Nacional e o de Brasília afirmam que a grita contra o corte não tem relação com o movimento para aumentar os salários da categoria.

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