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    Lava Jato

    Odebrecht não explicou suposta tentativa de barrar Lava Jato, diz Moro

    DE BRASÍLIA

    12/01/2016 20h05

    Jorge Araújo/Folhapress
    O juiz federal Sergio Moro durante evento promovido pela "The Economist" em São Paulo
    O juiz federal Sergio Moro durante evento promovido pela "The Economist" em São Paulo

    Em manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal), o juiz do Paraná Sérgio Moro afirmou que Marcelo Odebrecht e ex-diretores da construtora Odebrecht ainda não apresentaram esclarecimentos à Justiça sobre uma suposta "orientação" do empresário para dificultar as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.

    "Até o momento não foram prestadas explicações pelos pacientes ou por seus defensores sobre a orientação de Marcelo Odebrecht para, aparentemente, apagar mensagens e memórias de aparelhos celulares de Márcio Faria e Rogério Araújo [ex-diretores], ou seja, destruir provas ('Higienizar apetrechos MF e RA')", disse o juiz.

    No ano passado, a Polícia Federal apreendeu um celular na casa do executivo e analisou as mensagens que constavam no aparelho.

    As declarações do juiz foram feitas em parecer defendendo a manutenção da prisão preventiva de Marcelo Odebrecht. Na semana passada, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, negou pedido de liberdade feita pela defesa de Marcelo Odebrecht.

    O ministro justificou sua decisão com base no parecer da Procuradoria-Geral da República, que sustenta que há risco de, uma vez fora da cadeia, o empresário volte a interferir no processo judicial.

    Em sua manifestação ao STF, Moro diz que não houve esclarecimento "sobre a orientação de Marcelo Odebrecht para, aparentemente, que Márcio Faria e Rogério Araújo não movimentassem seus ativos, pois, se sequestrados, seriam reembolsados pela Odebrecht ('MF/RA: não movimentar nada e reimbolsaremos tudo e asseguraremos a familia; vamos segurar até o fim')".

    O juiz também aponta que não foi esclarecida a "orientação de Marcelo Odebrecht para, aparentemente, divulgar doações de campanhas, sabe-se lá com qual objetivo obscuro ('vazar doação de campanha'), e igualmente nada esclareceram sobre o que consistiria o trabalho 'para parar/anular (dissidentes da PF)', em aparente cooptação ilícita de policiais federais para atrapalhar as investigações", completou Moro.

    Por esses motivos, Moro afirmou ao STF que a prisão do empresário tem fundamentos legais e que a soltura dele poderia colocar em risco a ordem pública, "caracterizada pela aparente prática profissional e habitual de crimes de corrupção ativa e de lavagem de dinheiro, envolvendo não só agentes da Petrobras, mas também agentes políticos".

    OUTRO LADO

    Em nota, a defesa de Marcelo Odebrecht "esclarece que todas notas mencionadas no ofício foram amplamente esclarecidas em interrogatório entregue por Marcelo Odebrecht no âmbito da ação penal em curso na Justiça Federal".

    O texto diz ainda que "a defesa aguarda com serenidade a conclusão do julgamento de seu habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, em que está sendo analisada sua prisão preventiva, ao mesmo tempo em que mantém a confiança de que, ao final da ação judicial, sua inocência ficará cabalmente esclarecida e comprovada".

    No depoimento entregue por escrito em outubro, Marcelo Odebrecht disse que "nunca cogitou interferir nas investigações", sustentou que a referência aos polícias era uma discussão com o departamento jurídico para avaliar se havia algum debate se grampos ilegais na Lava Jato poderiam parar ou anular as investigações.

    O empresário afirmou ainda que orientou a divulgação de dados sobre doações eleitorais para evitar ilações e que a questão de ex-diretores envolvidos na Lava Jato não mexerem em ativos no exterior foi "uma anotação para conversar com o jurídico sobre se deveríamos falar com eles sobre não fazer movimentações atípicas".

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