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    o impeachment

    Decisão sobre impeachment não é vingança contra governo, diz Cunha

    DANIELA LIMA
    PAULO GAMA
    ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

    16/01/2016 16h00

    Apontado por setores da oposição como uma "pedra no caminho" do impeachment de Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeita o rótulo de entrave ao afastamento da petista.

    Alvo de denúncias de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, Cunha diz que o desgaste de sua imagem –82% da população defende sua cassação, segundo o Datafolha não contamina o juízo de seus pares sobre sua posição na Casa.

    "Se fosse assim, um voto baseado na popularidade, todo mundo ia votar a favor do impeachment. É a mesma lógica. A presidente já estaria cassada", afirma.

    O peemedebista diz ainda que o discurso de defesa da legitimidade de uma eleição não pode valer apenas para favorecer Dilma.

    "O governo diz que a presidente é legitimamente eleita e que, por isso, não pode ser cassada por ato do Congresso. E eu, que também fui legitimamente eleito, posso ser cassado? O meu pode e o deles não?", provoca.

    O peemedebista nega que tenha dado início ao processo de afastamento da petista por vingança –Cunha aceitou o pedido horas depois de deputados do PT votarem contra ele no Conselho de Ética da Câmara– e diz que o governo recorre a esse discurso como "desculpa para se safar, ir contra o que a maioria da população deseja".

    "Houve recorde de pedidos de impeachment: 38. Rejeitei 31. O pedido que foi aceito, eles protocolaram 14 ou 15 de outubro. A minha representação no Conselho de Ética já tinha sido protocolada", argumentou na entrevista concedida à Folha.

    Cunha ainda rechaça a tese de que se tornou um obstáculo para os que trabalham pela queda de Dilma. "A minha parte já está feita. Agora o processo pertence à Casa, cabe ao conjunto."

    "A mim cabe apenas ver se há um indício originário para ter a abertura. Não estou dizendo que o impeachment foi aberto porque ela sabia da corrupção da Petrobras, porque é o maior escândalo do mundo. Não estou dizendo que o impeachment é por isso, mas que foi aceito pelas razões técnicas", diz.

    O deputado não quis comentar sobre a possibilidade de o vice-presidente, Michel Temer, seu correligionário, assumir o poder. "Não quero dizer que Temer seria melhor ou pior que a Dilma, não cabe a mim avaliar", afirmou.

    "Não quero perder a isenção nesse processo, porque em muitas coisas eu ainda vou ter que atuar."

    PMDB

    O deputado voltou a defender a ruptura de seu partido com o PT. "Essa aliança é danosa para o PMDB, e a administração do PT tem sido danosa para o Brasil."

    Antes uma espécie de padrinho político de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), líder do PMDB que se aliou ao Planalto, Cunha diz que o colega se transformou "em líder do governo na bancada.

    "Ele pode ter o lado que quiser, mas tem de representar a bancada. Entreguei para ele um bloco e uma bancada unida. O que é que ele está entregando? Perdeu o bloco e o partido está dividido.

    OPOSIÇÃO

    Cunha diz ainda que nunca esperou "gratidão" da oposição, que havia se alinhado a ele no início de sua gestão à frente da Câmara, abocanhando cargos em comissões e CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito).

    Partidos como o PSDB e o DEM passaram a defender publicamente o afastamento dele do cargo após virem à tona denúncias contra ele.

    "Esses espaços que cedi à oposição criam possibilidade de melhor andamento dos trabalhos como um todo. O que fiz não fiz cobrando nenhuma posição nem nenhum gesto."

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