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    Lava Jato

    Muitos usaram nome de Dirceu para ganhar dinheiro, diz defesa do petista

    JULIANA COISSI
    DE CURITIBA

    20/01/2016 21h55 - Atualizado às 23h10

    Heuler Andrey - 31.ago.15/AFP
    Brazilian former chief-of-staff (2003-2005), Jose Dirceu, gestures during a hearing of the parliamentary committee of the Petrobras investigation in the Federal Justice court, in Curitiba on August 31, 2015. Dirceu --who is serving a seven-year sentence for the Mensalao corruption scandal-- was accused of corruption and money laundering within the framework of the Lava Jato operation. AFP PHOTO / HEULER ANDREY ORG XMIT: HAN005
    O ex-ministro José Dirceu, condenado no mensalão e preso pela Operação Lava Jato, durante CPI

    A defesa do ex-ministro José Dirceu afirmou nesta quarta (20) que, pelo que se viu até agora nas investigações da Operação Lava Jato, "muita gente usou o nome" do petista para ganhar dinheiro.

    A declaração foi feita após nova leva de depoimentos tomados pelo juiz federal Sergio Moro. Foram ouvidos nesta quarta três delatores: o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco Filho e os irmãos Milton e José Adolfo Pascowitch. Além de seus defensores, estiveram presentes advogados de Dirceu e da Petrobras.

    Dirceu foi preso em agosto do ano passado com base na delação e nos documentos que foram apresentados pelos Pascowitch. Milton, que representava a Engevix, afirmou em sua delação que bancou reformas de uma casa e de um apartamento de Dirceu, entre outras ações, e que entregou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PT em 2010.

    Para Roberto Podval, advogado de Dirceu, os depoimentos desta quarta deixaram claro que o nome do ex-ministro era usado para se obter propina, sem que ele recebesse efetivamente os valores ilícitos.

    Segundo Podval, Milton admitiu que pagou Dirceu por consultorias realizadas, tese sustentada pela defesa do petista para justificar os valores recebidos, e que o suposto ganho citado pelo empresário que Dirceu teria obtido "é infinitamente menor ao valores que todos eles ganharam".

    Os irmãos Pascowitch, acompanhados de seus advogados, deixaram o prédio da Justiça Federal sem dar entrevistas.

    BARUSCO

    Pedro Barusco confirmou, segundo seu advogado, que participou de reuniões com Dirceu para falar sobre a Petrobras, mas que nada foi tratado com o petista sobre propina. Segundo o defensor de Dirceu, o que Barusco define como reunião foram, na verdade, jantares informais na casa de Milton, em que várias pessoas participaram.

    "E o assunto era o mais informal possível, já estavam ali numa relação de amizade, até porque era interessante para todo mundo ser amigo do José Dirceu", afirmou Podval.

    Questionado sobre o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, o ex-gerente disse que negociou com ele valores das propinas. Barusco voltou a afirmar que esteve envolvido com o esquema de propinas na Petrobras desde 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

    PRESENÇA

    Sergio Moro negou o pedido de Dirceu para estar presente nos depoimentos desta quarta e nos previstos para sexta-feira (22) de delatores que fazem menção ao petista e que foram arrolados como testemunhas na ação penal que Dirceu responde por suposto envolvimento com desvios de verbas da Petrobras.

    Na petição, o advogado de Dirceu argumentava que os delatores "imputaram fatos criminosos" ao ex-ministro e que, portanto, a presença de Dirceu seria indispensável para o exercício de sua plena defesa.

    Na sexta-feira, Moro deve ouvir outros três delatores: Julio Camargo, lobista de fornecedoras da Petrobras, e os irmãos Fernando Moura, lobista suspeito de representar Dirceu na Petrobras, e Olavo Moura.

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