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    Lava Jato

    Camargo Corrêa incentiva funcionários a fazer delação premiada

    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    21/01/2016 19h06

    Depois de acertar o pagamento de R$ 804 milhões em indenizações por seu envolvimento na Operação Lava Jato, a Camargo Corrêa está estimulando seus funcionários a confessar possíveis crimes como suborno de servidores públicos e de políticos, e acertos com concorrentes para fraudar licitações.

    Nos próximos 30 dias, funcionários e ex-empregados que colaborarem na identificação dos fatos investigados na Lava Jato, como corrupção na Petrobras e em obras públicas, terão como benefício a garantia de que não serão processados pela empresa nem demitidos por justa causa.

    A Camargo se compromete, também, a pagar advogados para que seus profissionais negociem acordos de colaboração com o Ministério Público Federal e com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

    A empresa afirmou em nota que os relatos serão feitos "diretamente a consultores especializados e independentes", até o próximo dia 19.

    O incentivo interno à "delação premiada" faz parte de um programa para aprimorar os controles internos da construtora e antecipar a possível descoberta de irregularidades antes que venham a ser apontadas por outras empresas, além de tentar melhorar a imagem da companhia.

    Única das grandes empreiteiras a confessar a participação nos esquemas de cartel e propina da Petrobras e no setor elétrico, a Camargo fechou acordos de leniência com o Ministério Público e com o Cade no ano passado.

    A construtora tenta seguir os passos da multinacional alemã Siemens, que anos atrás foi apanhada em vários países fazendo cartel e pagando propina em troca de contratos públicos. Descobertos, os alemães confessaram seus crimes, pagaram indenizações bilionárias e prometeram se regenerar.

    Em entrevista à Folha no final do ano passado, o presidente do conselho de administração e principal executivo do grupo Camargo Corrêa, Vitor Hallack, disse acreditar que as descobertas da Lava Jato deveriam inibir praticas como suborno, cartel e superfaturamento de contratos.

    "Se, com tudo isso, nada mudar, estamos fora do mercado", afirmou o executivo.

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