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    PF reclama de falta de verba, mas obtém recursos para museu em MG

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    24/01/2016 02h00

    Jessika Marques e Carol Spindula/Divulgação
    Imagem da antiga Faculdade de Odontologia, onde deverá ser o Museu das Ciências Forenses
    Imagem da antiga Faculdade de Odontologia, onde deverá ser o Museu das Ciências Forenses

    Num ano em que a Polícia Federal tem reclamado de contingenciamento de recursos, um grupo de peritos conseguiu viabilizar a inclusão de R$ 11 milhões em emendas no orçamento para a criação de um museu de ciências forenses em Belo Horizonte.

    A implantação do projeto já havia sido oficializada em junho de 2014 em portaria assinada pelo ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), mas ficou engavetada desde então. De concreto, houve a transferência do antigo prédio da Faculdade de Odontologia da UFMG, vazio desde 2000, para abrigar o espaço.

    Na tentativa de fazer o projeto andar, seus idealizadores passaram 2015 em busca de financiamento. "Bati na porta de todos os gabinetes dos deputados federais mineiros", diz o perito Gyovany Gomes, membro da comissão que tenta criar o museu.

    Ele conseguiu emendas de 27 dos 53 deputados federais do Estado e mais uma da bancada mineira na Câmara. Em vez de as emendas saírem do Ministério da Justiça, ao qual a PF é subordinada, foram destinadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

    As emendas individuais dos deputados são impositivas. Ou seja, o governo tem de executá-las, embora haja um limite da quantidade de recursos a ser gasto nelas.

    Em outra frente, os peritos negociam com o Ministério Público Federal para que empresas que descumpriram acordos com a Procuradoria financiem o projeto. Assim, o dinheiro que elas teriam que pagar em multas passaria a ser investido no museu.

    Eles estimam em cerca de R$ 40 milhões os custos de implantação, embora o valor final não esteja definido. A inauguração seria em 2020. Neste ano, a comissão tenta ao menos elaborar o projeto arquitetônico e museológico.

    "A nossa ginástica é conseguir financiamento", diz Marcos Vinicius Oliveira, chefe do setor técnico-científico da PF em Belo Horizonte. Para não usar recursos que seriam destinados à polícia, ele diz que tem procurado fazer a captação financeira por meio de outras fontes.

    No começo deste ano, delegados federais divulgaram uma carta pública dizendo que a corporação sofria um "desmonte" após identificarem cortes no Orçamento. Em resposta, Cardozo disse à Folha que não faltaria dinheiro para operações como a Lava Jato e que, se necessário, fará a recomposição da verba.

    Os peritos mineiros dizem que vão continuar a pedir emendas nos próximos anos para o projeto. Também pensam em tentar financiamento por meio da Lei Rouanet (que possibilita a empresas aplicarem parte do imposto de renda em ações culturais), por convênios com fundos ou por fomento de entidades como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

    Segundo seus idealizadores, o museu seria um espaço de pesquisa para aprimorar o ramo de perícia criminal no Brasil, com biblioteca e áreas de eventos, e também contaria com espaços interativos para visitantes, como laboratórios e salas 3D –eles planejam reconstituições tridimensionais de locais estudados pela PF, como a barragem que ruiu em Mariana.

    A ideia é encampada pelo Icom (Conselho Internacional de Museus). No ano passado, a presidente da entidade no Brasil, Maria Ignez Mantovani, participou de um protesto, em frente ao antigo prédio de odontologia, pela implantação do projeto.

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