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    Lava Jato

    Análise

    Sem ser citado, Lula é o alvo da nova fase da Lava Jato

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    27/01/2016 11h39

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    Viatura da Polícia Federal chegou às 7h desta quarta-feira (27) na sede da Bancoop, em São Paulo
    Viatura da Polícia Federal chegou às 7h desta quarta-feira (27) na sede da Bancoop, em São Paulo

    Apesar de não nominado, o alvo final da nova fase da Operação Lava Jato é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com o cuidado de não dizer isso de forma explícita, embora politicamente seja um segredo de polichinelo, a força-tarefa mostra que Lula está sob seu radar.

    A 22ª fase da operação que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, deflagrada nesta quarta-feira (27) apura se a empreiteira OAS lavou dinheiro por meio de negócios imobiliários para favorecer o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso desde abril de 2015.

    O fechamento do cerco a Lula explica a crescente reatividade do petista, que a cada dia sobe a retórica contra os que considera difamadores –prometendo processos contra jornalistas, por exemplo, como se isso fosse impedir investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

    A lógica dos investigadores é clara: não citar nominalmente o ex-presidente agora dá argumentos contra críticas de perseguição política no caso de não serem encontrados elos entre o esquema apontado e o petista, seja por inocência, seja por blindagem.

    Se os advogados de defesa dos acusados na operação acharam que seu manifesto denunciando supostos abusos iria constranger de alguma forma a força-tarefa, a operação desta quarta (27) prova exatamente o contrário.

    Lula está sob fogo. Além das investigações que chegaram a seus filhos na Operação Zelotes, agora a Lava Jato literalmente esbarra nos tríplex do prédio do Guarujá que é associado à família do petista. Os investigadores não estavam pensando no filme B de ação de Vin Diesel ao chamar a nova fase de Triplo X.

    PLANALTO

    Mais do que a operação em si, danosa à imagem do Planalto de qualquer forma, seu "timing" foi muito ruim para o governo. A presidente Dilma Rousseff fará nesta quinta (28) a reunião do chamado Conselhão na qual apresentará medidas para tentar reanimar a economia.

    Apesar do esforço palaciano em dissociar-se de Lula, o petista é o último esteio político de Dilma, e ainda mantém interlocução com boa parte dos peixes graúdos do PIB que participarão do evento na quinta.

    Até por ser hoje o único presidenciável viável do atual esquema governista, Lula e sua sorte roubarão espaço da pretensa agenda positiva dilmista. A Lava Jato, como sempre, ganhou as manchetes.

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