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    Lava Jato

    Firma diz que licitação suspeita de gerar propina a Renan era dirigida

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    28/01/2016 02h00

    Convidada para participar de uma licitação da Transpetro suspeita de envolver propina ao presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), a empresa DNP Indústria e Navegação informou ao Ministério Público Federal que o edital "era muito dirigido".

    A DNP informou que não quis concorrer porque havia "aparência de que já havia um ganhador definido".

    As informações em resposta à Procuradoria em São Paulo reforçam suspeitas dos investigadores de que houve fraude na licitação de compra e venda de 20 comboios, realizada em 2010 pela subsidiária da Petrobras.

    A Transpetro era uma área de influência de Renan, por meio do seu aliado Sérgio Machado, que exerceu a presidência de 2003 a 2015.

    A licitação é alvo de uma ação de improbidade movida em 2014, que foi usada pela Procuradoria-Geral da República para basear o pedido de busca e apreensão nos endereços de Renan, de Machado, das empresas vencedoras e do PMDB de Alagoas.

    O ministro do Supremo Teori Zavascki negou as buscas na casa do senador por entender que não ficou demonstrado vínculo dele, mas deferiu buscas contra os demais investigados, que ocorreram em dezembro.

    A licitação foi lançada em março de 2010. Venceu uma empresa que teve entre os sócios a Estre Petróleo e Gás e a Rio Maguari. Durante o processo, a Rio Maguari e outra ligada a ela doaram R$ 400 mil ao PMDB de Alagoas.

    Depois, o PMDB-AL transferiu R$ 400 mil à campanha de Renan ao Senado. A suspeita da PGR é que o repasse tenha sido propina "sob a roupagem de doação oficial".

    Em seu ofício ao Ministério Público, a DNP disse que as solicitações da Transpetro na licitação "tinham condições técnicas muito detalhadas", estabelecendo componentes que inclusive só tinham um fabricante no mercado.

    OUTRO LADO

    A assessoria de Renan diz que "a Justiça já se manifestou ao negar a diligência solicitada". O senador nega recebimento de propina.

    A assessoria de Machado disse que ele nunca pediu doações ao PMDB, que a proposta vencedora foi US$ 36 milhões abaixo do segundo colocado e que os aditivos reduziram o gasto da Transpetro.

    Empresa vencedora, o Estaleiro Rio Tietê negou irregularidade na licitação. A Estre não se manifestou. Não foram encontrados representantes da Rio Maguari.

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