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    Lava Jato

    Ex-presidente de empreiteira indica que pode entregar assessores de Dilma

    DE BRASÍLIA

    29/01/2016 20h38 - Atualizado às 23h19

    Durante negociação com a Procuradoria-Geral da República para fechar seu acordo de delação premiada, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo indicou que poderá implicar dois assessores próximos da presidente Dilma Rousseff: Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete e atual assessor especial, e o ministro Edinho Silva (Comunicação Social). A informação foi divulgada na noite desta sexta (29) pelo site da revista Veja.

    Ele teriam pressionado a empreiteira a repassar mais dinheiro para a campanha à reeleição de Dilma. A reportagem traz os chamados "anexos" da delação premiada, que contém o resumo dos principais pontos que serão tratados na delação de Otávio Azevedo, que comandou a segunda maior empreiteira do país e que cumpre prisão domiciliar.

    Segundo relato obtido pela revista, Otávio Azevedo contou que Edinho, então tesoureiro da campanha de 2014, e Giles pressionaram por mais recursos, alertando que, se a Andrade Gutierrez não se engajasse mais efetivamente na campanha petista, seus negócios com o governo federal e com as empresas estatais estariam em risco em caso de vitória de Dilma.

    A revista sustenta que o executivo indicou que os petistas reclamavam que a empreiteira, embora fosse detentora de grandes contratos no governo e em estatais, vinha apoiando a candidatura do tucano Aécio Neves, que foi derrotado por Dilma. A empreiteira, diz a revista, teria interpretado a queixa como ameada, e doado entre agosto e outubro de 2014, R$ 20 milhões ao comitê de Dilma. O repasse teria ocorrido nove dias após Edinho visitar o executivo.

    Edinho Silva já é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de participação na Lava Jato. O dono da UTC, Ricardo Pessoa, também afirmou aos procuradores que foi pressionado pelo ministro a aumentar as doações. O ministro nega que tenha achacado Pessoa.

    NOVAS FRENTES

    De acordo com a revista, a delação de Otávio Azevedo ainda não foi fechada e está em fase final, com alguns temas em discussão. A reportagem aponta que os procuradores querem que executivo trate de negócios suspeitos na área de telecomunicações. Antes de assumir a empreiteira, ele comandava a Oi, que faz parte do mesmo grupo empresarial, e participou do processo de fusão da empresa com a Brasil Telecom.

    A revista afirmou ainda que Azevedo também foi um dos responsáveis pela decisão de aportar recursos na Gamecorp, a empresa de entretenimento de Fábio Luís, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O aporte, como se sabe, se deu pouco antes de sair a decisão do governo que abriu caminho para fusão, tão almejada pela companhia. Até recentemente, Azevedo vinha resistindo a incluir esses temas no acordo, o que fez com que a negociação emperrasse na Procuradoria.

    OUTRO LADO

    Giles Azevedo, que era o coordenador geral da campanha de Dilma, disse que esteve "uma única vez com o sr. Otávio Azevedo, em reunião realizada a pedido da própria empresa", sem especificar o motivo do encontro.

    Em nota, o ministro Edinho Silva informou que se encontrou com o presidente da Andrade Gutierrez e que as doações feitas pela empreiteira foram todas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral.

    "O então coordenador financeiro da campanha Dilma 2014 esteve reunido com empresários buscando arrecadação de campanha, entre eles o então presidente da Andrade Gutierrez. Todas as doações estão declaradas junto ao Tribunal Superior Eleitoral que aprovou as contas por unanimidade dos votos dos ministros."

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