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    Lava Jato

    Juiz manda soltar ex-presidente da Andrade Gutierrez

    MARIO CESAR CARVALHO
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    11/02/2016 19h49 - Atualizado às 20h41

    Paulo Lisboa - 20.jun.15/Folhapress
    Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, quando foi preso em junho de 2015
    Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, quando foi preso em junho de 2015

    A Justiça federal do Rio mandou soltar, na noite desta quinta (11), o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. Ele havia sido preso na quarta (10), mesmo depois de ter fechado um acordo de delação premiada, o que levou o juiz federal Sergio Moro, do Paraná, a mandar soltá-lo na última sexta (5).

    A segunda prisão ocorreu porque havia um mandado pendente decretado pelo também juiz federal Marcelo da Costa Bretas, do Rio de Janeiro, por causa das suspeitas de pagamento de propina na construção da usina nuclear Angra 3.

    O advogado da Andrade Gutierrez, Juliano Breda, afirmou à Folha que "a decisão é justa porque a prisão era injustificável". Agora, Azevedo ficará em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.

    O juiz do Rio de Janeiro decidiu estender a Azevedo o benefício da prisão domiciliar que ele já concedeu a um ex-executivos da Andrade Gutierrez (Flávio Barra), outro da Engevix (José Antunes Sobrinho) e ao ex-presidente da Eletronuclear (o almirante Othon Pinheiro da Silva).

    A defesa de Azevedo pretendia ingressar com o pedido de liberdade no dia em que o executivo deixou a prisão no Paraná. Mas havia um empecilho: a Justiça do Rio não trabalhou na última sexta (5) por causa do Carnaval.

    Segundo advogados ouvidos pela Folha, não seria possível fazer o pedido de liberdade por meio eletrônico porque a decisão de Moro da última sexta-feira (5) corria sob segredo de Justiça.

    O ACORDO

    No acordo de delação premiada assinada com a Procuradoria-Geral da República, ex-executivos da Andrade Gutierrez se comprometeram a revelar informações sobre os pedidos de doações eleitorais para a campanha de 2014 da presidente Dilma Rousseff (PT).

    O caso preocupa o Planalto por implicar nomes de peso do governo, como o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo, e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva, que negam ter praticado qualquer irregularidade.

    Outro tema que faz parte do acordo é o pagamento de propina em uma série de obras de estádios da Copa do Mundo nas quais a empreiteira atuou, sozinha ou em consórcio. Entre eles estão a reforma do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), do Mané Garrincha, em Brasília (DF), do Beira-Rio, em Porto Alegre (RS), e da Arena da Amazônia, em Manaus (AM).

    A colaboração também contempla a confissão de pagamento de suborno na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, na usina nuclear de Angra 3, no Rio, e na ferrovia Norte-Sul.

    Na negociação com os procuradores, porém, não foram acertadas informações sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e sobre a Gamecorp, empresa que tem Fábio Luis Lula da Silva, filho mais velho do ex-presidente Lula, como sócio.

    Azevedo foi um dos executivos que decidiu investir na Gamecorp. A Andrade é uma das sócias da empresa investidora, a Oi.

    Nas negociações com procuradores, ele disse que não houve corrupção no investimento na Gamecorp porque havia risco de outra empresa de telefonia fechar o negócio antes da Oi.

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