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    Lava Jato

    Cardozo diz ter convicção de que não há ilegalidade na campanha de Dilma

    DE BRASÍLIA

    12/02/2016 13h53 - Atualizado às 21h43
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    O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse ter "absoluta convicção" de que não houve caixa 2 na campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.

    A Operação Lava Jato investiga pagamentos atribuídos a subsidiárias da Odebrecht em contas no exterior controladas pelo marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas de Dilma em 2010 e 2014, conforme a Folha mostrou nesta sexta-feira (12).

    Embora tenha lembrado que não participou do núcleo duro do PT que atuou na última corrida presidencial, Cardozo afirmou que acompanhou o processo "como militante".

    "Tenho absoluta convicção de que na campanha na presidente Dilma não houve situação nenhuma de pagamentos ilegais. Já há tantos processos, e as contas foram aprovadas, tudo absolutamente regular. Não vejo constrangimento", afirmou.

    Ele disse ainda que o próprio tesoureiro petista, o hoje ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), sempre reafirmou a legalidades das contas partidárias.

    A PGR (Procuradoria-geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para investigar se Edinho Silva foi um dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras, como o acusou o dono da UTC, Ricardo Pessoa, que firmou acordo de delação premiada.

    O ministro da Justiça disse também que não vê elementos substanciais na mensagem em que o dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, aborda um suposto risco de a investigação alcançar a "campanha dela".

    No texto, descoberto após a Polícia Federal apreender o celular do empresário, Marcelo afirma, sem especificar a quem se referia: "Dizer do risco de cta na Suíça chegar na campanha dela".

    Para Cardozo, trata-se de uma "mensagem lateralmente feita, em que nomes não são citados". Por isso, de acordo com o ministro, não é possível dizer se será dada a dimensão de prova ao material.

    "Se isso é utilizado ou não é um problema dos investigadores", disse Cardozo.

    Ele adiantou ainda que deve pedir à Polícia Federal para averiguar se houve vazamento de informações da investigação, uma vez que o inquérito envolvendo o marqueteiro de Dilma está sob sigilo.

    "O vazamento, quando é ilegal, prejudica a investigação e, muitas vezes, atinge pessoas que podem não ter nada (de ilegal). E, nesses casos, garanto que os espaços de resposta não são os mesmos", criticou Cardozo.

    OS CLIENTES DE JOÃO SANTANA - Marqueteiro trabalhou em campanhas no Brasil e no exterior

    LULA

    O ministro da Justiça usou argumentos semelhantes ao falar sobre a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem mantém uma relação distante. Lula, em mais de uma ocasião, já defendeu internamente a saída de Cardozo da Esplanada.

    "Pessoas investigadas não são condenadas e não podem ser execradas[...] Como pessoa que acompanha o partido, eu sempre o tive como grande líder e que se comporta como grande lisura", analisou, antes de voltar a dizer que os danos a quem é alvo de exposições injustiças são irreparáveis.

    José Eduardo Cardozo voltou a prometer que não faltará os recursos para a Polícia Federal fazer operações em 2016. Como já havia dito, se comprometeu a remanejar o caixa o do próprio ministério da Justiça, caso a PF seja fortemente atingida pelo corte orçamentário.

    A associação que representa os delegados da PF redigiu uma carta para ser entregue ao ministro em que sustentam o risco de as atividades da corporação serem gravemente prejudicadas pela tesoura do Executivo.

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