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    o impeachment

    Irritado com o apoio do PDT ao Planalto, Cristovam migrará para PPS

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    15/02/2016 17h56

    Agência Senado
    O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que deixou o PT em 2005 e, agora, migrará para o PPS
    O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que deixou o PT em 2005 e, agora, migrará para o PPS

    Após 11 anos no PDT, o senador Cristovam Buarque (DF) resolveu deixar o partido para se filiar ao PPS. A oficialização da mudança deverá ocorrer nesta quarta-feira (17), quando o parlamentar fará o anúncio em um discurso no plenário do Senado.

    Aos 71 anos, o senador decidiu mudar de sigla após o presidente do PDT, Carlos Lupi, ter dado passe livre para que o ex-ministro Ciro Gomes seja o candidato à Presidência em 2018 pela legenda –espécie de plano B para o PT, caso o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva não possa se candidatar ou os petistas não encontrem um nome para disputar o Planalto.

    Cristovam se irritou com a estratégia porque já havia sinalizado a vontade de concorrer à eleição para o mais alto cargo da República e acabou sendo preterido dentro da sigla.

    Com a mudança de partido, ele retoma a possibilidade de se lançar candidato –embora o presidente do PPS, Roberto Freire (SP), diga que isso não foi levado em consideração nas negociações com o senador.

    Cristovam afirmou à Folha que também cansou de esperar uma atitude decisiva de Lupi para se opor ao governo da presidente Dilma Rousseff. "Eu saí do PT e entrei no PDT para ser oposição ao governo. Já dava para prever naquela época, em 2005, que o PT já tinha perdido o vigor para transformar o país. O PT se acomodou", disse.

    Segundo Cristovam, desde que Lupi assumiu o Ministério do Trabalho em 2007, no segundo mandato de Lula, ele prometeu por várias vezes que deixaria o governo –mas isso nunca aconteceu. "Eu fui contra [Lupi assumir o ministério] porque queria continuar como oposição para construir uma proposta alternativa, propositiva e diferente. Agora eu perdi toda a esperança de que isso possa acontecer. O PDT se entregou completamente ao PT", disse.

    Para Cristovam, a escolha pelo PPS se deu pela promessa de que o partido quer se modernizar. "Senti a vontade deles de mudar, de se modernizar, formulando um projeto de futuro para o país. Hoje não precisa esperar quatro anos para saber o que o eleitor quer, ele fala todos os dias pelas redes sociais", afirmou.

    Para Freire, a ida de Cristovam para o partido significa mais do que um reforço para a bancada da sigla no Congresso. "Mais do que uma liderança que pode nos ajudar na discussão política, e ele tem competência para isso, é a ideia de que a gente pode construir uma esquerda mais decente, democrática e que precisa recuperar a credibilidade que foi dilapidada pelo PT", afirmou o deputado.

    Com a mudança, o PPS passa a ter dois senadores. Atualmente, José Medeiros (MT) representa a sigla na Casa. Cristovam fará um pronunciamento no plenário do Senado na quarta (17), mas só assinará a filiação na segunda (22), após completar 72 anos. Seu aniversário será na sexta (19).

    Cristovam foi reitor da Universidade de Brasília entre 1985 e 1989, governador do Distrito Federal de 1995 a 1998 e se elegeu senador em 2002, cargo para o qual foi reeleito em 2010. Ele foi também ministro da Educação em 2003 e 2004, durante o governo Lula.

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