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    o impeachment

    PMDB elege Picciani, derrota Cunha e amplia pressão por seu afastamento

    RANIER BRAGON
    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    17/02/2016 17h28 - Atualizado às 17h35

    Renato Costa/Folhapress
    Eduardo Cunha vê vitória de Leonardo Picciani (abaixo), reeleito para o comando do PMDB na Câmara
    Eduardo Cunha vê vitória de Leonardo Picciani (abaixo), reeleito para o comando do PMDB na Câmara

    Por 37 votos a 30 (e dois em branco), os deputados federais do PMDB elegeram nesta quarta-feira (17), em votação secreta, Leonardo Picciani (RJ) como líder da bancada, aplicando uma grande derrota ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que patrocinou e se empenhou pessoalmente pelo candidato derrotado, Hugo Motta (PB).

    O resultado tem pelo menos três efeitos diretos: 1) deve enfraquecer o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado principalmente por Cunha; 2) diminui um pouco a resistência aos projetos de ajuste fiscal e aumento de arrecadação que o governo pretende ver aprovados; 3) e tem potencial de reforçar a pressão pelo afastamento do peemedebista da presidência da Câmara, decisão que o Supremo Tribunal Federal deve tomar nas próximas semanas.

    Denunciado sob a acusação de integrar o esquema do petrolão, Cunha teve o pedido de afastamento do cargo e do mandato protocolado pela Procuradoria-Geral da República no ano passado.

    A avaliação de aliados e de adversários era a de que uma vitória nesta quarta era fundamental politicamente como demonstração de que ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo.

    Cunha passou os últimos dias telefonando e conversando pessoalmente com vários peemedebistas pedindo voto para Motta, aliado que presidiu a CPI da Petrobras por indicação sua. A derrota, porém, mostra que o presidente da Câmara perdeu força em seu próprio partido, de quem foi líder de 2013 a 2015.

    Já o governo, embora tivesse declarado publicamente neutralidade, atuou pela candidatura de Picciani. O lance mais explícito foi a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que deixou o cargo por um dia, mesmo com a epidemia do vírus da zika, para reassumir o mandato e votar no nome apoiado pelo Planalto.

    MINISTROS

    Ex-aliado do presidente da Câmara, Picciani rompeu com o peemedebista e se aproximou do governo Dilma, de quem ganhou o poder de indicar ministros na reforma que a petista fez em seu primeiro escalão. Picciani, então, passou a ser abertamente contrário ao pedido de impeachment contra Dilma, cuja tramitação foi deflagrada por Cunha.

    Reconduzido à função de líder da bancada, Picciani terá o poder de indicar os integrantes do partido para a comissão do impeachment, além do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a principal da Câmara. O pedido de impedimento de Dilma teve a tramitação anulada pelo STF no ano passado, mas ela deve ser retomada após o tribunal julgar os recursos apresentados pela Câmara.

    Após romper com Picciani, Cunha passou a atuar nos bastidores contra ele. O presidente da Câmara foi o principal patrocinador da manobra que levou em 2015 Picciani a perder, por alguns dias, a liderança da bancada para Leonardo Quintão (MG), outro que também rompeu com Cunha posteriormente.

    Neste ano, construiu a candidatura de Hugo Motta, deputado de 26 anos com quem mantém estreita relação na Câmara.

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